Dólar afunda no “day after” do tarifaço de Trump. Bolsa perde força
Temor entre os investidores é o de que a nova rodada de barreiras comerciais anunciada pela Casa Branca deflagre uma guerra comercial global
atualizado
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Um dia depois do novo “tarifaço” anunciado pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos, o dólar despencava na manhã desta quinta-feira (3/4), dia no qual os mercados em todo o mundo repercutem os impactos da medida.
O temor entre os investidores é o de que a nova rodada de barreiras comerciais anunciada pela Casa Branca deflagre uma guerra comercial global, com consequências econômicas imprevisíveis.
Por outro lado, no caso do Brasil, o país ficou na lista dos menos taxadas pelos EUA, o que, diante da expectativa inicial, é um fato considerado positivo pelos investidores.
Há também quem acredite que, diante de taxações maiores em outros países, o Brasil possa se beneficiar, com chance de ganhar novos mercados.
Dólar
- Às 12h43, o dólar caía 1,53%, a R$ 5,613.
- Mais cedo, às 11h51, o dólar caía 1,69% e era negociado a R$ 5,603.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,644. A mínima é de R$ 5,593.
- Na véspera, a moeda dos EUA fechou em alta de 0,27%, cotado a R$ 5,69.
- Com o resultado, o dólar acumula perdas de 0,12% em abril e de 7,79% em 2025.
Ibovespa
Após abrir o pregão em forte alta, na contramão dos principais índices globais, Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores do Brasil (B3), perdeu força e ou a operar próximo da estabilidade.
Às 12h46, o indicador avançava 0,01%, aos 131,2 mil pontos, praticamente no zero a zero.
No dia anterior, o Ibovespa fechou em leve alta de 0,03%, aos 131,1 mil pontos, praticamente estável.
Com o resultado, a Bolsa do Brasil acumula ganhos de 0,71% no mês e de 9,07% no ano.
Análise
Para Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, “os holofotes são todos para a taxação do Trump, a repercussão e de que forma isso vai impactar os mercados”.
“Novamente, o Brasil foi o menos atingido e isso foi menos pior para nós, pelo menos por enquanto. Isso que está acontecendo agora realmente nunca se viu. Estamos vendo a história sendo escrita”, afirmou.
“E, agora, devemos ter, sim, um dia tenso nos mercados. Mas pode ser que o Brasil não sinta tanto, a não ser que as commodities, como Vale e Petrobras, acompanhem essas quedas das cotações internacionais”, projeta Correia. “Isso pode vir a pesar no Ibovespa e, nesse caso, dificilmente veríamos o índice subir. Também acredito que vamos ter uma desvalorização forte do nosso real.”
Entenda o novo “tarifaço” de Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (2/4) a imposição de novas tarifas sobre produtos importados, atingindo países com taxas que variam de 10% a 97%.
A medida, segundo Trump, tem como objetivo fortalecer a produção doméstica e combater o que o governo norte-americano considera práticas comerciais desleais.
Desde fevereiro, Trump já vinha sinalizando a adoção das tarifas, mas sem detalhar valores ou critérios. Na última semana, ele reforçou que a taxação seria aplicada de forma ampla, embora ajustes e negociações ainda possam ocorrer.
A nova política tarifária faz parte das promessas de campanha do republicano e foi batizada por ele de “Dia da Libertação”, em referência à redução da dependência dos EUA em relação a importações.
Um dos pilares da medida é a adoção de tarifas recíprocas, ou seja, taxas equivalentes às que os produtos norte-americanos enfrentam em outros mercados.
O governo Trump argumentava que países que impõem barreiras comerciais aos EUA seriam submetidos a condições semelhantes.
Bolsas de Ásia e Europa em queda
O Brasil está na lista dos 113 países que serão atingidos com as menores tarifas a serem cobradas sobre importações dos EUA. Ao todo, as nações abaixo serão tarifadas em 10%, o patamar mínimo implementado pelo presidente norte-americano.
Nesta quinta, o efeito do novo “tarifaço” de Trump é sentido nos mercados mundo afora. Na Ásia, os principais índices das bolsas de valores despencaram e, na Europa, os indicadores operavam no vermelho.
União Europeia prepara resposta
Nesta quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a União Europeia (UE) está preparando medidas de resposta em retaliação aos EUA.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, por sua vez, adotou um tom mais comedido e disse que o país reagirá com “cabeça fria e calma” diante do “tarifaço” norte-americano.
Em discurso mais cedo, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, defendeu que a autoridade monetária do bloco seja “extremamente prudente” na condução de suas políticas sobre a taxa de juros.
Veja como ficou a taxação em cada país
Para além do “tarifaço”
Além dos desdobramentos econômicos das novas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, o mercado financeiro repercute também novos dados de emprego e serviços dos EUA.
O Departamento do Trabalho do governo norte-americano divulga nesta quinta o número de novos pedidos de seguro-desemprego referentes à semana até 29 de março. Na semana anterior, houve 224 mil pedidos.
A S&P Global divulga, também nesta quinta, os índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços e composto dos EUA em março.
Na última leitura, os indicadores ficaram em 51 (serviços) e 51,6 (composto).