Dólar vai a R$ 5,67 com Haddad e aceno de Trump à Europa. Bolsa sobe
No cenário doméstico, ministro prometeu medidas de compensação após recuo do governo sobre IOF. No exterior, EUA e UE avançam em negociações
atualizado
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O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (26/5), abrindo a última semana de negócios do mês, marcada pela divulgação de dados de inflação e emprego no Brasil, além de indicadores nos Estados Unidos.
Dólar
- A moeda norte-americana encerrou o dia avançando 0,52%, negociada a R$ 5,675.
- Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,678. A mínima foi de R$ 5,636.
- Na última sexta-feira (23/5), o dólar fechou em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,646.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,03% no mês e de 8,17% no ano.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), também fechou em alta.
- Ao final do pregão, o indicador terminou com ganhos de 0,23%, aos 138,1 mil pontos.
- Na sexta-feira, o Ibovespa havia fechado em alta de 0,4%, aos 137,8 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 2,27% em maio e de 14,84% em 2025.
Avanço nas negociações entre EUA e União Europeia
Os mercados receberam com alívio a notícia de que o presidente dos EUA, Donald Trump, adiou a imposição de tarifas de 50% sobre os produtos comprados da União Europeia (UE) para o dia 9 de julho. A medida foi tomada após o líder norte-americano conversar com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
“Recebi hoje uma ligação de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia , solicitando uma extensão do prazo de 1º de junho para a tarifa de 50% em relação ao comércio e à União Europeia”, escreveu Trump no Truth Social, nesse domingo (25/5).
“Concordei com a extensão para 9 de julho de 2025. Foi um privilégio fazê-lo”, acrescentou Trump.
Já na rede social X (antigo Twitter), Von der Leyen afirmou que teve uma “boa conversa” com o presidente dos EUA, mas precisava de mais tempo para “chegar a um bom acordo”.
“A UE e os EUA compartilham a relação comercial mais próxima e consequente do mundo. A Europa está pronta para avançar nas negociações de forma rápida e decisiva. Para chegar a um bom acordo, precisaríamos de tempo até 9 de julho”, indicou a presidente da Comissão Europeia.
Trump tem adotado medidas protecionistas com o intuito de proteger a economia norte-americana. Os países afetados, por outro lado, têm defendido que as ações violam acordos internacionais e causam uma guerra tarifária.
Nesta segunda-feira, a porta-voz da Comissão Europeia, Paula Pinho, afirmou que a conversa entre Trump e Von der Leyen destravou as negociações sobre as tarifas.
“Agora há um novo impulso para as negociações. Eles [Trump e Von der Leyen] concordaram em acelerar as negociações comerciais e manter um contato próximo”, disse a porta-voz.
Atenção ao fiscal
No cenário doméstico, as atenções dos investidores se voltaram a Brasília, onde ocorreu uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Foi a primeira conversa entre os dois desde o “bate-cabeça” do governo federal no anúncio de novas medidas fiscais, na semana ada.
Na quinta-feira (22/5), o governo federal anunciou a primeira contenção no Orçamento deste ano, como parte dos esforços para cumprir a meta de gastos do arcabouço fiscal. Serão congelados R$ 31,3 bilhões, dos quais R$ 10,6 bilhões em bloqueio e R$ 20,7 bilhões em contingenciamento.
No mesmo dia, foi publicado o detalhamento no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do 2º bimestre – documento que avalia a evolução das receitas e despesas primárias do governo federal com o objetivo de acompanhar o cumprimento da meta fiscal.
A meta para 2025 é de déficit primário zero – equilíbrio entre despesas e receitas –, com um intervalo de tolerância que permite um déficit de até R$ 31 bilhões. O arcabouço fiscal autoriza um rombo de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).
O que mais chamou atenção do mercado, no entanto, foi o anúncio inicial de um aumento do IOF, o que gerou repercussão negativa entre os investidores. A Fazenda, que havia determinado uma taxação equivalente a 3,5% sobre as aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior, se viu obrigada a recuar e retomou a alíquota zero, que vigorava até então – o IOF voltou a não incidir sobre esse tipo de operação.
A pasta também informou que as remessas destinadas a investimentos no exterior continuarão sujeitas à alíquota atualmente vigente, de 1,1%, sem qualquer tipo de aumento. O decreto que havia modificado o IOF pretendia arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025, com a elevação das alíquotas, e R$ 41 bilhões em 2026.
Após o recuo do governo, apesar das idas e vindas da equipe econômica, o mercado reagiu positivamente, com queda do dólar e alta do Ibovespa.
A percepção de agentes do mercados é a de que o aumento de alíquotas do IOF pode acabar levando o Banco Central (BC) a interromper o ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic) mais cedo do que o esperado.
A avaliação é compartilhada, entre outros, pelo presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, que itiu ter trocado mensagens com Haddad e o alertado sobre a repercussão negativa da medida sobre os mercados.
Segundo o CEO do Bradesco, com base em estimativas feitas pela equipe de economistas do banco, as mudanças na cobrança do IOF equivaleriam a um aumento de 0,2 a 0,5 ponto percentual na Selic. Atualmente, os juros básicos estão em 14,75% ao ano – a maior taxa das últimas duas décadas.
Nesta segunda-feira, Haddad afirmou que o governo federal ainda deve decidir medidas para compensar o recuo da elevação do IOF para algumas modalidades.
Questionado sobre as medidas de compensação, Haddad ressaltou que o governo tem até o final desta semana para decidir como compensar, mas não deu pistas de como será feito. “Se com mais contingenciamento ou com alguma substituição”, disse.
A declaração do ministro da Fazenda ocorreu após a abertura do Fórum Nova Indústria Brasil, evento promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Semana com dados de inflação, emprego e PIB
A última semana de maio será marcada pela divulgação de dados econômicos no Brasil e nos EUA.
Na terça-feira (27/5), será conhecido o resultado de maio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (o IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país.
A expectativa média dos analistas do mercado é que o índice fique em 0,44% (na comparação mensal) e 5,5% (na base anual). No mês ado, as taxas foram de 0,43% e 5,49%, respectivamente.
Na quarta-feira (28/5), serão divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes ao mês de abril.
No dia seguinte, será a vez do índice oficial de desemprego no Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Também na quinta-feira (29/5), saem os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre e dos pedidos de seguro-desemprego.
Encerrando a semana, na sexta-feira (30/5) sai o resultado do PIB do Brasil.