Americanas diz que PwC não se manifestou sobre troca de auditoria
Americanas escolheu a BDO RCS Auditores Independentes para substituir a PwC, que não detectou rombo contábil bilionário em contas da empresa
atualizado
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A Americanas informou que a empresa de auditoria PwC, que não detectou o rombo contábil bilionário na varejista que veio à tona no início deste ano, ainda não se manifestou a respeito da decisão do Conselho de istração da companhia de substituir seu auditor independente.
Segundo a Americanas, foi solicitada a manifestação da PwC após a decisão do conselho, no dia 27 de junho. Na ocasião, a BDO RCS Auditores Independentes foi escolhida para substituir a PwC. Até segunda-feira (17/7), de acordo com a Americanas, a PwC não havia dado uma resposta.
“Desde então, a companhia e a PwC trocaram correspondências sobre o tema e a Americanas solicitou a manifestação da PwC sobre sua anuência, não tendo, contudo, recebido resposta até a presente data”, diz a Americanas em comunicado ao mercado.
Ainda segundo a empresa, a decisão de trocar o auditor independente “não antecipa qualquer juízo de valor a respeito do trabalho da PwC até aqui, mas visa tão somente a permitir que as demonstrações financeiras auditadas da Americanas sejam finalizadas e divulgadas adequadamente”.
A BDO deve realizar a auditoria das demonstrações financeiras da Americanas referentes a 2022, além de refazer as demonstrações correspondentes a 2021 e ao exercício iniciado em janeiro de 2023.
A Americanas informou ainda que recebeu correspondência da PwC em 17 de junho deste ano na qual a empresa de auditoria anunciava que estava suspendendo os trabalhos envolvendo as demonstrações financeiras de 2022 e informava que não seria possível concluir os procedimentos até que se tivesse “o completo e transparente às informações da companhia e da investigação independente, incluindo o a todos os eventuais relatórios escritos e correspondentes documentos/evidências e”.
“Após tentativas sem êxito de propor à PwC cautelas adicionais para a condução dos trabalhos de auditoria das demonstrações financeiras a serem refeitas e de shadow investigation e, ainda, considerando a necessidade de serem divulgadas ao mercado demonstrações financeiras auditadas que contem com elevado grau de confiabilidade e em prazo compatível com as necessidades de informações do mercado e dos credores da companhia, o Conselho de istração da companhia deliberou pela mudança de seus auditores independente”, diz a Americanas.
Resposta da PwC
Na época, procurada pelo Metrópoles, a PwC encaminhou a seguinte nota:
“A decisão da Americanas S.A. em substituir a PwC Auditores Independentes ocorre na sequência de comunicações enviadas pela PwCAI à Americanas em que deixamos claro que para conclusão dos trabalhos de auditoria sobre as Demonstrações Financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2022, seria necessário termos o apropriado às descobertas da investigação sobre a fraude perpetrada pela gestão ocorrida na Companhia.
Caso tivéssemos recebido as informações requeridas, estaríamos prontos e preparados para continuar os trabalhos de auditoria como auditores independentes do ano corrente e anos anteriores.
No fato relevante publicado, a Americanas deixa claro que sua decisão de substituir a PwCAI como auditor independente, não está fazendo nenhum julgamento sobre a qualidade dos trabalhos da PwCAI Auditores Independentes.”
Auditorias na mira
Como noticiado pelo Metrópoles, a I da Americanas na Câmara dos Deputados deve convocar representantes de auditorias como a PwC e a KPMG para prestar esclarecimentos.
Em entrevista ao Metrópoles, em janeiro, o advogado Daniel Gerber, que representa acionistas minoritários da Americanas, afirmou que “a magnitude dos acontecimentos exclui a possibilidade de mera negligência”.
“Uma coisa é você deixar de enxergar numa operação complexa alguns milhares de reais. Já é difícil, mas pode acontecer”, disse.
‘Agora, não ver bilhões em uma operação realizada com agentes do sistema financeiro nacional… Isso só pode ser motivado pela disposição de não alertar.”