Alta de juros e cenário externo fazem dólar recuperar e voltar a R$ 6
Moeda americana chegou a recuar 1,66%, chegando a ser negociado a R$ 5,86. Ibovespa tem perda de quase 3%
atualizado
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O dólar encerrou em alta de 0,69%, a R$ 6, nesta quinta-feira (12/12). Pela manhã, a moeda americana chegou a recuar até 1,66%, sendo negociado a R$ 5,86, como reflexo do aumento de juros feito pelo Banco Central (BC) na quarta (11). No entanto, o dólar voltou a subir porque investidores seguem preocupados com a aprovação dos cortes de gastos do governo. O ambiente externo menos favorável também contribuiu para aumentar a demanda pela moeda americana.
Nos Estados Unidos, o índice de preços ao produtor para a demanda final aumentou 0,4% no mês ado, após uma alta revisada para cima de 0,3% em outubro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. O dado não alterou a percepção de que os juros serão reduzidos pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil será de 3,5% em 2024. O valor está acima da projeção do Secretaria de Política Econômica (SPE), de 3,3%.
“Nós vamos ter um crescimento esse ano de cerca de 3,5% do PIB, com a menor taxa de desemprego da série histórica, com a menor taxa de miséria da taxa histórica, com o menor [número de] nem-nens, que é um nome que eu nem gosto, da série histórica”, disse o titular da Fazenda durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira (B3), operava em baixa de 2,68% por volta das 17h10, aos 126.116,56−3.476,75 pontos. Para Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, o Ibovespa caiu principalmente após Copom sinalizar política monetária mais restritiva, o que redobra o desafio da bolsa brasileira de se manter positiva em dezembro.
Segundo ele, o tom mais duro do comunicado do Copom, que além de aumentar a Selic em 1%, anteviu mais duas altas da mesma magnitude em janeiro e março nas próximas reuniões, levaria a Selic a 14,25% a.a., patamar mais alto da história recente, e que não se repete desde o governo Dilma.
“Na minha visão, essa postura do Copom reforça a dificuldade da política monetária em ancorar as expectativas de inflação, o que nas palavras do Comitê, só deve acontecer no segundo trimestre de 2026, se tudo caminhar bem. Isso realça os desafios enfrentados pelo Banco Central, e o momento de crédito caro no país, o que reduz a confiança e o apetite do empresário por novos investimentos na economia real, gerando assim menos emprego em renda. O Brasil assim como os EUA vai buscar o seu “pouso suave”, controlar a inflação sem gerar o efeito colateral da recessão econômica”, avaliou.
Por conta desse cenário, ele afirmou que as ações de varejo como Carrefour, Pão de Açúcar Assaí e Magalu caem mais de 8%, pois menos crédito ou a um custo mais alto encarece o negócio delas, assim como o aumento de juros afetas empresas altamente alavancadas que am a ver suas dívidas atuais e futuras ficarem mais onerosas.
“Outro setor bastante afetado é a educação, em um país que historicamente investe em educação com a economia crescendo e o crédito mais barato. Além disso, a alavancagem das empresas deve subir também. Hoje Yduqs e Cogna caem. Para fechar o balanço negativo, o setor da construção civil deve sofrer com a Selic mais alta, já que a compra do imóvel depende de crédito, e está crescendo no país o número de leilões de imóveis por conta de inadimplência. Com isso, caem papéis do setor como DIRR3, EVEN3 e CYRE3”, explicou Alves.
Na ponta positiva do Ibovespa, apenas a Hapvida está com alta devido a expectativa de reajuste nos planos de saúde. A empresa se beneficia da estimativa de reajuste de 5,6% em planos individuais, reduzindo assim a pressão financeira com menores aumentos, mesmo com custos elevados, o que traz o segundo dia de alta forte para a ação.