“Putin negou o nosso direito de existir”, diz chanceler ucraniano
O reconhecimento russo de Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes inflamou ainda mais a tensão entre os dois países
atualizado
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O fato de a Rússia ter reconhecido duas províncias ucranianas separatistas, Donetsk e Luhansk, como repúblicas independentes inflamou ainda mais a tensão entre os dois países do Leste Europeu. A decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, repercutiu em duas declarações à comunidade internacional.
Nesta quarta-feira (23/2), o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba (foto em destaque), usou a abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para criticar o posicionamento russo. Antes, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que Putin se “esconde” atrás dos separatistas.
A comunidade internacional acompanha as movimentações com atenção. Após o reconhecimento de Donetsk e Luhansk, o entendimento global é que Putin desafiou os ucranianos com essa medida.
Dmytro Kuleba pediu ações concretas da ONU e argumentou. “Putin negou o nosso direito de existir”, frisou na assembleia geral.
Antes, em Kiev, Zelensky solicitou que o parlamento ucraniano aprove um decreto de estado de emergência válido por 30 dias. O governo ou a permitir que civis portem armas. É mais uma medida diante da tensão geopolítica no Leste Europeu.
“Temos confiança de que o futuro e a segurança da Ucrânia e da Europa estão sendo discutidos agora. É muito importante garantir ações dos monitores europeus de segurança”, afirmou.
Putin anunciou na segunda-feira (21/2) o reconhecimento russo quanto à independência dos territórios de Donetsk e Luhansk. A decisão foi comunicada durante uma cerimônia televisionada pelo governo russo.
Os separatistas, na região ucraniana de Donbas, buscam a independência – muitas vezes de maneira violenta – ao menos desde 2014, quando a Rússia aproveitou o conflito e anexou ao território outra porção do país vizinho, a Crimeia.
Crise em escalada
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), entidade militar liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Nos últimos dias, a crise aumentou. A Rússia enviou soldados para a fronteira com a Ucrânia, reconheceu duas regiões separatistas ucranianas como repúblicas independentes e tem intensificado as atividades militares. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014, quando anexou a Crimeia ao seu território.
A comunidade internacional tem alertado para o risco iminente de uma invasão russa ao território ucraniano, o que desencadearia uma guerra no Leste Europeu. A Otan e a União Europeia acompanham a situação com atenção.