Análise: Bolsonaro nos EUA foi um sucesso de relações públicas
Parece não haver dúvidas que Trump terá vantagens em trabalhar com Bolsonaro, mas ainda é cedo para dizer o contrário
atualizado
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Enviada especial a Washington (EUA) – A visita do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), aos Estados Unidos pode ser considerada um sucesso do ponto de vista de relações públicas. Afinal, Bolsonaro sempre deixou claro, desde a campanha, que queria os norte-americanos como parceiros preferenciais e especialíssimos. E ele repetiu isso, com todas as letras, para aquele de quem é fã confesso: o presidente dos EUA, Donald Trump.
O republicano, por sua vez, não frustrou as expectativas da comitiva brasileira, ao anunciar que apoiará a entrada do Brasil em organismos internacionais, embora ainda seja cedo para saber quais os desdobramentos concretos dessas promessas e se essa eventual parceria se traduzirá em vantagens para o Brasil.
Porém, para os Estados Unidos, parece não haver dúvidas de que trabalhar com o país comandado por Bolsonaro será vantajoso. É muito simbólico que o presidente da República tenha decidido isentar os cidadão norte-americanos do visto para entrar no Brasil, rompendo o princípio da reciprocidade, historicamente adotado pela diplomacia brasileira.
Ainda sobre a parte da visita coreografada pelas diplomacias dos dois países, muito se falou da Venezuela, sem nada de prático ser anunciado porque ambos os lados sabem que se trata de um terreno pantanoso, com cenários os mais diversos, alguns bastante catastróficos.
Qualquer deslize ali poderá resultar em imensos problemas na fronteira com o Brasil. Essa foi a parte da visita que ficará registrada para as câmeras. Mas uma outra parte rolou nos bastidores, longe dos olhos dos jornalistas credenciados.
Na manhã do segundo dia de viagem, Bolsonaro deu um baile na imprensa e seguiu em sigilo para visitar a sede da Agência Central de Inteligência, a CIA, em Langley, na Virgínia. É a primeira vez que se tem notícia de um presidente brasileiro conhecer a mais famosa agência de espionagem do mundo. A agenda se tornou pública por meio de um tuíte do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que o acompanhou na viagem e até participou do encontro reservado entre os dois presidentes.
Nessa terça-feira (19/3), Bolsonaro falou sobre a ida ao ninho de espiões norte-americanos sem dar detalhes. Disse apenas que a programação foi agendada de última hora por seu filho. Curioso não ter vazado imagem alguma do eio da comitiva pela CIA, já que Eduardo Bolsonaro está quase sempre com o celular a postos para registrar os os do pai e divulgá-los nas redes sociais.
Mas Bolsonaro, finalmente, deu uma explicação, um tanto prosaica, para um mistério que pairava, até então, sobre seu paradeiro, durante duas horas, depois de deixar o prédio da CIA. Disse ter ido a um shopping comprar “dois calções e uma camisa”.
Que os acenos trocados não sejam tão prosaicos quanto essa explicação. O Brasil espera, agora, pelos resultados práticos da primeira missão oficial do presidente da República no exterior.
Veja imagens da viagem de Bolsonaro: