Nos EUA, vices debatem: Kamala ataca Trump por Covid-19 e Pence culpa China

Os candidatos à vice-presidência dos EUA, Mike Pence, que tenta a reeleição com Donald Trump, e Kamala Harris, que está ao lado de Joe Biden, travaram um debate bem mais civilizado do que o protagonizado pelos titulares das chapas na semana ada. No entanto, com posicionamentos firmes de ambos os candidatos em relação aos temas abordados. Kamala criticou fortemente a maneira como Trump lidou com a Covid-19. Pence, por sua vez, afirmou que Biden vai aumentar os impostos.

Foi um debate atípico, com os candidatos separados por telas de acrílico, como forma de evitar eventual contágio pela Covid-19. Mediado pela jornalista Susan Page, do US Today, o encontro teve tom bem mais cordial do que o embate que houve entre Trump e Biden, marcado por insultos e agressões. Pence, em um momento, foi incomodado por uma mosca que pousou sobre sua cabeça, fato que agitou as redes sociais.

No primeiro bloco, a Covid-19 foi o tema central. Pence enalteceu o fato de Trump impor barreiras a viajantes de países afetados pela doença, especialmente a China, e ressaltou que o atual governo evitou milhares de mortes – embora o país seja líder no ranking de casos e tenha mais de 21o mil mortes pelo coronavírus. O vice de Trump ainda culpou a Organização Mundial da Saúde (OMS) por incertezas em torno na doença.

Kamala atacou Trump por, segundo ela, ter minimizado a gravidade da Covid-19 e, com isso, ter incentivado os norte-americanos a não adotarem medidas de contenção do vírus, que, de acordo com a candidata, foi o “maior desastre da história do país”. E prometeu: caso Biden seja eleito, serão tomadas medidas de combate ao coronavírus, como testes em massa.

A senadora ainda disse que seria a primeira a tomar a vacina contra a Covid-19, desde que as autoridades de saúde assim determinassem. “Mas não tomaria se Trump dissesse para tomar”, emendou. Pence defendeu Trump e disse que, garças aos esforços do atual governo, os norte-americanos contarão com uma vacina antes do fim de 2020.

O debate entre candidatos a vice-presidente dos Estados Unidos atraiu pouca atenção em eleições adas, mas ganhou importância diante da idade de Joe Biden e da doença de Donald Trump. Aos 77 anos, Biden enfrenta acusações dos republicanos de que não tem a energia que o cargo demanda e, se vencer, será o presidente mais velho a tomar posse. Trump, aos 74 anos, enfrenta a Covid-19 e teve situação considerada preocupante no final de semana.

Potenciais presidenciáveis

A menos de um mês da eleição, os candidatos a vice-presidente aram a ser de fato vistos como potenciais presidenciáveis. No final de semana, analistas especularam qual seria a saída para a chapa republicana se Trump não estivesse apto a disputar a eleição no dia da votação, em 3 de novembro.

Primeira mulher negra a concorrer como vice em chapa de grande partido nos EUA, a senadora californiana Kamala Harris foi procuradora e tem a fama de ser uma das interrogadoras mais duras do Congresso. Ela se saiu bem nos debates da pré-campanha democrata, em duelos famosos – entre eles em um no qual venceu Biden no argumento.

Pence é conhecido como um bom orador que costuma ficar apagado por Trump, leal ao presidente e uma voz religiosa firme na chapa republicana.

Parte da estratégia republicana é minimizar a gravidade do vírus, mesmo depois da infecção de Trump, enquanto os democratas exploram a avaliação negativa do eleitorado sobre a condução da pandemia pela Casa Branca.

Kamala questionou o republicano sobre o assunto, já que o vice-presidente foi o chefe da força-Ttarefa da Casa Branca para enfrentar o coronavírus e os EUA têm o maior número de infectados e mortos por Covid-19 no mundo.

(Com Agência Estado)