Enfim, meus filhos se reconheceram como irmãos
Para minha felicidade, a adaptação foi muito menos dramática do que eu imaginava, embora lenta e com momentos difíceis
atualizado
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Quando eu estava grávida do Solano, meu segundo filho, a coisa que mais temia era a reação do mais velho à chegada do irmão. Na minha pessimista previsão, imaginava Miguel agressivo, querendo bater no bebê, afogá-lo ou coisa parecida. Para minha felicidade, a adaptação foi muito menos dramática do que eu imaginava, embora lenta e com momentos difíceis. Hoje, ado quase um ano da chegada de Solano, posso dizer que sobrevivemos!
O começo foi relativamente tranquilo, porque meu marido ou quase 40 dias conosco, em casa. Eu e ele conseguíamos nos dividir para manter algumas rotinas do Miguel – idas ao parquinho ao à quadra, só com ele. O bicho pegou mesmo quando acabaram as férias do meu companheiro. Meu filho mais velho começou a entender que aquela criaturinha sem graça, que só ficava parada chorando, mamando ou e/ou fazendo cocô estava ali para dividir a atenção.
O ápice da crise foi quando Solano ou a fazer as refeições conosco, à mesa. Miguel ficou revoltadíssimo, como quem diz “não bastasse ele estar em todo lugar, vou ter que dividir a hora do almoço também?”
Mas aí, depois disso, começou a rolar uma coisa interessante: meus filhos aram a se conhecer enquanto irmãos. Miguel descobriu que podia fazer o pequeno dar risada com gracinhas; e Solano, por sua vez, que podia ir atrás do irmão para tudo quando é canto. Nasceu ali, espero eu, uma amizade para a vida toda.
A sintonia anda em um crescente tão legal que eu vislumbro momentos em que eles se unirão contra mim e o pai deles. Miguel, aos 3, e Solano, às vésperas de completar 1, já formam uma gangue juvenil, disposta a acabar com a ordem e a autoridade. Problema para mim, mas, para eles, quanta felicidade.
Esses dias, alguém lembrou em um grupo de Whatsapp aquele ditado estúpido de que quem tem um filho não tem nenhum. Uma grande bobagem. Mas que ter dois é muito mais legal, isso é.