A regra é simples: quando o governo diz que “vai fazer”, não vai
O “vai fazer” do momento é “o corte de 14.277” cargos efetivos na istração federal; no momento eles estão vagos. Basta não preencher
atualizado
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Uma das primeiras coisas que um jornalista aprende na profissão, mas que a grande maioria a a vida inteira sem aplicar, é a seguinte: a notícia que leva o título “governo vai fazer” isso ou aquilo, seja lá o que for, não existe.
O governo nunca “vai fazer” nada. Ou já fez, e aí pode ou não valer uma notícia, ou então não existe coisa nenhuma a noticiar. Quando fizer, sim. Enquanto diz que vai fazer, não. É bem simples, mas o leitor continua sendo castigado, década após década, com as manchetes do “vai fazer”.
Continua sendo vítima, por um consórcio entre burocratas e jornalistas, de notícias que são puro vapor.
O “vai fazer” do momento é “o corte de 14.277” cargos efetivos na istração federal; no momento eles estão vagos e, segundo se anuncia, não serão mais preenchidos. Além disso, governo “vai” extinguir outros 13.384 cargos na sua folha, quando vierem a vagar num momento qualquer do futuro. No momento, estão ocupados por gente de carne e osso, e você, naturalmente, está pagando os salários de cada um deles.
Mas o presidente da República, em pessoa, não assinou um decreto, já publicado no Diário Oficial, mandando extinguir esses quase 28 mil empregos, desocupados e ocupados? Sim, assinou. Mas é uma coisa. Acontecer é outra.
O decreto diz que os cargos vagos serão extintos a partir de fevereiro do ano que vem; quer dizer, não há ninguém neles, mas só vão ser eliminados mais tarde. Quanto aos que estão ocupados, é assunto do futuro remoto.
O bom nisso é que o corte talvez seja mesmo feito. Basta não nomear ninguém até fevereiro – o que não é tão simples quanto você pensa, ou nada simples, mas sempre é mais fácil que demitir. A parte melhor, porém, é que não estão nomeando mais 28 mil. Já está de bom tamanho.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.