Dia Mundial do Queijo: conheça a história de três queijistas do DF
O portal conversou com três renomados queijistas do DF para comemorar o Dia Mundial do Queijo, celebrado nesta segunda-feira (20/1). Confira
atualizado
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Cheddar, muçarela e gorgonzola estão entre os tipos de queijos mais conhecidos, mas existem muitos outros que talvez poucas pessoas conheçam. Os responsáveis por trazer essas variedades à tona são os queijistas, anteriormente chamados de cheese runners (ou “caçadores de queijo”, em tradução do inglês).
Embora o termo antigo não seja mais usado, a “essência” da profissão permanece: são especialistas em queijo, responsáveis por estudar e divulgar as melhores produções. Devido à dedicação e paixão pelo assunto, a prática dos queijistas se espalhou e ganhou destaque em várias partes do mundo.
No Distrito Federal, alguns queijistas se destacam pelo trabalho habilidoso e pela capacidade de conectar produtores e consumidores, valorizando a produção de queijos.
Para comemorar o Dia Mundial do Queijo, celebrado nesta segunda-feira (20/1), o Metrópoles conversou com três renomados queijistas para conhecer suas histórias e a importância do tema para a capital federal.
Confira abaixo:
Lucas Douglas
- Natural de Piumhi (MG), cidade que faz parte da Serra da Canastra;
- Seus amigos viajavam para vender queijos, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Foi quando Lucas começou a investir no mercado aos 18 anos;
- Em julho de 2004, o quejista deixou de ser garçom para trabalhar com queijos;
- Aos 21 anos, Lucas iniciou sua carreira em Brasília;
- Hoje, ele é dono do Empório Capital, no CasaPark.
“Brasília tem um mercado promissor quando se trata de queijos artesanais. A demanda está sempre aumentando e o brasiliense está sempre disposto a conhecer novos queijos”, afirma o amante de queijo Lucas Douglas.
Pai da Larah, João Guilherme e da Luiza, o mineiro conta que um dos principais desafios em trabalhar com queijos é a logística de um estado para outro. Como ele trabalha com iguarias de pequenos produtores de várias partes do Brasil, isso se torna um grande desafio.
Outro fator é a legislação, diferente em cada estado, o que dificulta o pequeno produtor. No entanto, trabalhar com queijos tem seus benefícios.
“Os queijos brasileiros têm um potencial ímpar, pois vivemos em um país tropical e cada região tem seu terroir [conjunto de fatores que influenciam na produção]. Isso traz muitos benefícios para a produção de queijo, diferentemente de alguns países que não tem essa diversidade de clima”, enaltece o queijista.
Marina Cavechia
- Natural de Uberlândia (MG), Marina Cavechia estuda queijo há aproximadamente 9 anos;
- Sua primeira imersão com a iguaria foi na Serra da Canastra (MG) com o estudioso Fernando Oliveira;
- Depois de muitas andanças e uma pós-graduação em istração, abriu o TETA Cheese Bar, na 103 Sul, com o sommelier de cerveja André Vasquez;
- Além de queijista, Mariana está se tornando produtora de queijo;
- Junto com outras duas mulheres da família e meu pai, criou a queijaria MATUH, em Estrela do Sul (MG). Os primeiros queijos já estão saindo.
De acordo com a queijista e produtora Marina Cavechia, o brasileiro tem o hábito de comer queijo, porém, ainda não conhece a variedade e riqueza da produção brasileira. Por isso, é um desafio e ao mesmo tempo muito recompensador explicar e introduzir um consumidor nesse universo.
“Quando alguém manda mensagem para o TETA dizendo que um queijo está estragado porque tem mofo na casca, eu me preocupo, mas também vejo uma oportunidade para explicar que não vai fazer mal. Pelo contrário, vai deixar tudo mais saboroso. No fim, o cliente agradece a ‘aula’ e sai com informação para ser divulgada Brasil afora.”
Receber os produtores na loja é uma das maiores alegrias da Cavechia. Para ela, ouvir histórias dos fabricantes e mostrar que o queijo está sendo bem tratado é uma parte muito gostosa do trabalho. “Meu sonho é que as pessoas pensem em queijo como snack quando forem assistir uma partida de futebol”, brinca.
Procura pelos brasilienses
Marina acredita que houve um aumento no interesse dos brasilienses por queijos artesanais. Antes, ela percebia que os clientes olhavam a vitrine e achavam que os queijos eram estrangeiros. Hoje, muitas pessoas já entendem a sazonalidade das iguarias e confiam 100% em sua curadoria para montagem de tábuas e mesa de eventos.
A parceria de órgãos como Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e Diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e Animal (DIPOVA) também ajudou a fazer com que o queijo conquistasse um espaço especial na capital federal, na visão de Marina.
“A sensação que eu tenho é que todo mundo foi estudar. Não dava mais pra ignorar o assunto. Novos produtores apareceram e hoje recebem mais apoio. Um exemplo disso foi o primeiro concurso de queijo do DF e entorno promovido pela Emater-DF. Foi realmente emocionante e um o importante”, relata a queijista.
Rosanna Tarsitano
- Rosanna trabalhava como jornalista há quase 30 anos até se apaixonar por queijos;
- Ela começou sua trajetória na área em 2016, quando sua amiga a presenteou com queijos da região da Canastra;
- Em 2018, a queijista inaugurou a Tarsitano Sabor de Origem, primeira boutique de queijos artesanais de Brasília. Ela esteve à frente da loja até 2023;
- Rosanna é uma das fundadoras da Associação dos Queijistas do Brasil (Comerqueijo), além de ser a primeira mulher queijista em Brasília;
- Já foi jurada em vários concursos nacionais e internacionais e participou da comissão organizadora do Prêmio Queijo Brasil.
Para a queijista Rosanna Tarsitano, os maiores desafios sempre foram a logística e as leis para que o queijo possa circular entre as regiões. Ela ressalta que não existe só o queijo mineiro; há outras variedades como cremosos, macios e com fungos, por exemplo.
“Como esses queijos chegam para o queijista para que, assim, a gente possa entregar para o cliente? A gente conhece cada produtor e estuda muito para entender o produto, mas há todo um zelo que envolve a logística”, explica a especialista.
Em relação ao aumento no interesse dos brasilienses por queijos, Rosanna também citou o apoio das associações locais como um importante aliado. “Vejo que a procura está crescendo a cada dia. Já vão fazer 10 anos que eu estou atuando e sinto que o mercado cresceu. Foi um trabalho de formiguinha, mas que está evoluindo”.
“O que difere é o terroir”
O queijo brasileiro tem suas particularidades, mas o que mais difere é o terroir (ou terruá). Até os queijos de denominação de origem protegida, como camembert e parmesão, estão sendo feitos no Brasil e ganhando prêmios devido ao sabor.
“Nós estamos mandando muito bem nos queijos então até que eles estão sendo reconhecidos mundialmente. Os queijos brasileiros têm ganhado premiações, inclusive, ficando dois anos consecutivos como os melhores da América Latina. Ou seja, o que difere é o terroir, é o nosso pasto. Estamos sim, fazendo muitos queijo bons”, finaliza.