Três motivos para ver “The Night Of”, a comentada minissérie da HBO
Mais recente atração do canal será exibida aos domingos, às 22h, até o fim de agosto
atualizado
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Com uma premissa simples, mas uma realização precisa, atenta a procedimentos burocráticos, jurídicos e policiais, a minissérie “The Night Of” estreou na HBO há algumas semanas e já tem feito certo barulhinho na cultura pop. Novos episódios são exibidos até o fim de agosto e sempre aos domingos, às 22h.
Dividido em oito capítulos, o programa é um remake de “Criminal Justice” (2008-2009), produção inglesa da BBC – o canal também se envolveu na versão americana. James Gandolfini, astro de “The Sopranos” (1999-2007), iria encarnar o advogado que defende um estudante de origem paquistanesa acusado de ass uma jovem em um bairro rico de Nova York.
O ator faleceu em 2013, Robert De Niro foi sondado para assumir o papel, mas o personagem ficou com John Turturro. Richard Price, autor de livros urbanos realistas, escreve os roteiros, enquanto Steven Zaillian, roteirista de “A Lista de Schindler” (1993) e “O Gângster” (2007), dirige os episódios.
Conheça três motivos para acompanhar a série da HBO:
O detalhismo
Dentro do vasto catálogo de séries sobre crimes, “The Night Of” inspira filiação direta com o cinema de David Fincher, diretor de “Zodíaco” (2007) e “Garota Exemplar” (2014). Há uma preocupação extrema com detalhes: a noite Nasir Khan (Riz Ahmed) é mostrada quase minuto a minuto, desde a saída da faculdade.
Ele pega o táxi do pai para ir a uma festa. Não consegue desligar a luz de serviço do carro e se vê obrigado a levar uma ageira que acaba de entrar. Depois de uma noite de sexo e drogas, ele acorda na cozinha, sobe as escadas e vê a ficante morta a facadas. Desespera-se e foge.
Zaillian, que trabalhou com Fincher em “Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2011), constrói um romance procedural do ponto de vista do acusado. Sem se apoiar em flashbacks, elipses temporais e sequências de sonho, a narrativa acompanha cada o da investigação. A burocracia policial é descrita até mesmo na redação de um simples relatório. É dessa crueza que surge a força dramática contida, mas instigante do seriado.
Diversidade e questões raciais/étnicas
Um aspecto que chama a atenção é a diversidade racial e étnica do elenco. Turturro, de origem italiana, faz o advogado. Ahmed revela origem paquistanesa e acumula papéis importantes – apareceu em “Jason Bourne” e vai estrelar “Rogue One – Uma História Star Wars”. Peyman Moaadi, ator que vive o pai de Khan, esteve em “A Separação” (2011), adorado filme iraniano.
Já no episódio piloto, ficam claras as alusões ao preconceito latente nos Estados Unidos. Khan, ao longo da noite, a por sutis momentos de hostilidade: ouve comentários irônicos, recebe olhares desconfiados. Por ter descendência árabe, tem atitudes de um jovem honesto, mora com os pais e é superprotegido em casa. Lá fora, sempre pode ser suspeito de terrorismo.
Será que ele tem dupla personalidade e matou Sofia durante a noite? Ou Khan é acusado injustamente de um crime que não cometeu?
A estética (realista) de pesadelo
Em “The Night Of”, todo o drama de Khan é narrado com a naturalidade envolvente de um folhetim policial. Numa das melhores sequências do piloto, ele vê, do banco de trás de uma viatura, agentes entrando e saindo do apartamento de sofia. Minutos se am até que o jovem seja relacionado ao crime.
Mas o que importa, naquele momento, é a torrente de perguntas sem resposta: descobrirão que eu estive lá? Mas será que eu a matei? O melhor que poderia acontecer ao jovem seria acordar de madrugada encharcado de suor, para então perceber que tudo não ava de um pesadelo pós-noitada. O pior é ter a sensação inescapável de desconfiar de si mesmo.
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“The Night Of”: domingo, às 22h, na HBO