Rap feminino ganha força e quebra barreiras no Distrito Federal
Negraflow, DJ Ketlen e Isa Marques são nomes potentes da cena do rap no Distrito Federal e superam barreiras para ter reconhecimento
atualizado
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A cena do rap no Distrito Federal vem ganhando cada vez mais destaque, impulsionada por vozes femininas que desafiam as barreiras impostas pelo machismo e pela falta de visibilidade. Artistas como Negraflow, DJ Ketlen e Isa Marques estão entre os nomes que representam essa força emergente. Elas se apresentam no festival Meskla neste sábado (16/5), no mesmo palco que artistas de projeção nacional, como Duquesa, Mano Brown e Djonga.
Negraflow é uma das principais representantes desse movimento. Em entrevista ao Metrópoles, a MC contou que o maior desafio do meio ainda é a visibilidade.
“Infelizmente são poucos os espaços que nós temos hoje para mostrar nosso trabalho e nossa arte. Hoje eu venho com meu rap quebrando barreiras e sigo sempre tentando encontrar espaços que me recebam para mostrar meu som.”
Apesar do rap ser historicamente dominado por homens, a rapper enxerga um crescimento constante da presença feminina: “Nós mulheres temos tentado quebrar essa situação, e eu fico feliz de ver que elas vêm crescendo e aparecendo cada vez mais na cena”.
Além da luta pela visibilidade, Negraflow também destaca a importância da representatividade e da conexão entre mulheres dentro do movimento. “Hoje nós temos a Frente de Hip Hop Feminino, que é uma associação de mulheres que abrem portas para que outras mostrem seus trabalhos e façam conexões, não só em Brasília como também em outros estados”, explica.
DJ Ketlen, por sua vez, destaca a presença das mulheres desde os primórdios do movimento. “Vejo como um espaço que sempre teve mulheres presentes, seja cantando ou fomentando o segmento no sentido cultural da cidade, apesar de não receberem devida visibilidade na maior parte desse tempo”, destaca.
Segundo ela, as dificuldades vão além da presença em eventos e também incluem a desvalorização financeira. “Os desafios são diversos, um deles é a presença e valorização dessas mulheres em lines de eventos e festivais com remuneração adequada! O que é por vezes, nosso maior desafio.”
Inspirada pelo cotidiano das periferias, DJ Ketlen transforma suas vivências em sets cheios de identidade.
“Meu dia a dia inspira meus sets, o som dos meus amigos, meu contato com a rua, o jeito de se vestir, de falar, o graffiti na parede, o som que toca nos meus fones! Minha vivência periférica é minha maior fonte de inspiração”, garante.
Ela ainda reforça que a cultura hip-hop representa mais do que um gênero musical, sendo um refúgio para quem busca voz e reconhecimento.
A MC Isa Marques também observa um crescimento significativo para as mulheres no rap do DF, destacando iniciativas como a Batalha das Gurias, que desde 2013 promove a participação feminina no hip-hop. No entanto, ela ressalta que o caminho ainda é de resistência.