Aos 83 anos, fotógrafo Luis Humberto prepara exposição para 2018

Com 83 anos, Luis Humberto está acostumado às adversidades da vida. O fotógrafo, que possui trabalho reconhecido em todo o país, foi um dos professores que se demitiram da Universidade de Brasília (UnB) em 1965 com a chegada da ditadura militar e um dos principais nomes do fotojornalismo de política nacional.

Porém, ainda assim, ele sentiu o peso da decepção ao saber que a sua próxima exposição individual “Reforma do Olhar Possível” não tinha sido uma das escolhidas para receber os recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do Governo do Distrito Federal.

O que me surpreendeu ainda mais foi o fato de os recursos não serem liberados por meu projeto não ter recebido nota máxima no critério de relevância.

Luis Humberto

Porém, isso não impediu a montagem da exposição, que está marcada para ocorrer em fevereiro de 2018. “Quem avaliou o projeto não entende nada de fotografia. Não vou desistir por causa disso”, afirma.

Inédita
A ideia da exposição surgiu em uma conversa entre Luis Humberto e Wagner Barja, diretor do Museu Nacional (MUN). “Ele afirmou que queria levar mais mostras de fotografia ao museu e sugeriu que eu montasse um novo projeto. Gostei da ideia e comecei a correr atrás”, explica o fotógrafo.

Porém, ao invés de lançar mão ao acervo de fotografias produzidas ao longo de décadas, Luis Humberto resolveu dar um plus à mostra. “Decidi trazer fotos inéditas para a exposição, com registros feitos ao longo dos últimos meses”, revela.

Assim, “Reforma do Olhar Possível” trará registros de Luis Humberto feitos entre 2016 e 2017 com o tema que o fotógrafo chama de paisagem doméstica. Paredes, móveis e roupas são protagonistas dos novos cliques.

Como hoje sou cadeirante, tenho muito menos mobilidade e, por consequência, o muito mais tempo em casa. Então, comecei a fotografar os ambientes do meu lar, principalmente na hora do café da manhã, quando a luz está mais bonita. É isso que apresentarei ao público na exposição.

Luis Humberto

Projetos
Apesar de não contar com os recursos do FAC, Luis Humberto resolveu seguir adiante no projeto, arcando com os gastos da futura exposição. Ele também confirmou presença no Museu Nacional em 2018 e já está finalizando a impressão do material.

Confira algumas fotos que fizeram a fama de Luis Humberto:

De acordo com a Secretaria de Cultura do DF, a comissão do FAC avaliou que a nota de relevância do projeto foi 4, considerada muito boa, ainda que insuficiente para garantir os recursos, dados às outras três propostas que disputavam a mesma linha de projetos em artes visuais. O fotógrafo Rinaldo Morelli, proponente do projeto, recebeu nota máxima na análise de currículo.

Para além da mostra “Reforma do Olhar Possível”, o artista está estruturando um livro com fotos de paisagem doméstica. “Quero trazer à tona questões como lar, mobilidade e intimidade”, diz. A obra ainda está em fase de produção e não há data para ser publicada.

Atualização em 2/10, às 10h50: a reportagem alterou o parágrafo sobre os esclarecimentos da Secult. A redação original abria margem a uma interpretação equivocada de que o currículo de Rinaldo Morelli poderia ter influenciado na nota do projeto.