Cannes: Parthenope, de Paolo Sorrentino
Novo filme italiano depende mais das belezas do país do que de um roteiro convincente.
atualizado
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La bela Itália, como sempre! No país, a cidade de Nápoles é como o nosso Rio de Janeiro: um paraíso natural trazido abaixo pela corrupção humana, demasiada humana. O diretor Paolo Sorrentino consegue usar e abusar da beleza cinematográfica em sua filmografia e aqui não poderia ser diferente. Parthenope (Celeste Dalla Porta), além da personagem principal, é uma exploração visualmente cativante da beleza, da juventude e da agem do tempo, tendo como pano de fundo o vibrante cenário de Nápoles. A narrativa segue a moça desde sua juventude no final dos anos 1960 até suas reflexões em 2023. O filme se aprofunda em seus relacionamentos complexos, incluindo aqueles com seu frágil irmão mais velho e vários pretendentes, capturando a ligação entre beleza e infelicidade.
A direção de Sorrentino é marcada por uma cinematografia exuberante e um estilo estético distinto, combinando imagens primorosamente trabalhadas com música evocativa. O filme serve como uma carta de amor a Nápoles, com a própria cidade desempenhando um papel central na jornada de Parthenope. O diretor captura com maestria a essência da cidade por meio dos encontros de Parthenope com seu povo, tecendo um retrato detalhado deles e de sua alma.
A jornada da protagonista, embora rica em apelo visual, é narrativamente fraca, deixando o público com dificuldades para entender seu comportamento e as muitas conversas didáticas das quais ela participa. Parthenope porta tanta beleza que, por onde a, os homens param e olham. Isso causa inúmeras confusões, e o filme poderia atße aproveitar para ser uma versão cômica de “Morte em Veneza”, se fosse verdadeiramente ousado. O problema é que a beleza estonteante também é um impedimento para ela.
Durante a crônica de sua vida, Parthenope encontra figuras interessantes, como seu ídolo, o escritor John Cheever (Gary Oldman), uma diva italiana amargurada, Greta Cool (Luisa Ranieri) e uma professora de atuação que cobre o rosto com uma máscara preta (Isabella Ferrari). Seduz outros, até o mais poderoso mafioso e o padre da catedral. A natureza episódica da narrativa, aumenta a crítica do filme à beleza superficial, mas muitas vezes parece uma experiência visual luxuosa, mas vazia.
Em resumo, Parthenope é um filme que mostra o talento visual característico de Paolo Sorrentino e sua profunda afeição por Nápoles. O diretor tem feito cada vez mais comerciais para marcas de prestígio, clientes loucos pela bela imagem. Só que ao mesmo tempo corre o risco de transformar sua cinematografia apenas nisso: languidos e belos retratos para comercial.
Avaliação: Regular (2 estrelas)