Branca de Neve fracassa nos cinemas em meio a polêmicas: entenda
Para além da bilheteria abaixo do esperado, o live-action de Branca de Neve amarga uma modesta nota de 1,6 no IMDb
atualizado
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Branca de Neve se tornou um dos maiores fracassos da Disney na leva de adaptações live-action de seus clássicos animados. Cercado de polêmicas, o filme teve um desempenho fraco em seu primeiro fim de semana e arrecadou menos do que o estúdio esperava. Desde então, a busca por um culpado pelo fracasso tem sido amplamente debatida.
No IMDb, um dos sites mais respeitados de avaliação de filmes, Branca de Neve amarga uma nota de 1,6/10, ficando apenas 0,1 ponto acima de Bebês Geniais 2: Super Bebês (2005), que tem 1,5, e próxima de Manos: The Hands of Fate (1966) e Birdemic: Choque e Terror (2010), ambos com 1,7.
Além disso, cerca de 89,2% do público deu nota mínima para a produção, o que levou o site a emitir um alerta de “atividade incomum”, indicando que um padrão atípico de votação foi detectado.
O que explica esse fracasso?
As polêmicas em torno do filme começaram muito antes da estreia. A escolha de Rachel Zegler para o papel de Branca de Neve gerou controvérsias, já que a atriz foi escalada sob a justificativa de sua ascendência latina, em uma tentativa da Disney de promover mais diversidade em suas produções. A decisão, no entanto, dividiu opiniões.
Enquanto alguns apoiaram a escolha, vendo nela um o importante para a representatividade no cinema, outros criticaram a decisão, acusando a Disney de seguir a chamada agenda woke — termo usado para descrever mudanças que buscam questionar valores tradicionais, muitas vezes associados a preconceitos do ado.
Outra crítica ligada a essa discussão foram as declarações da própria Rachel Zegler sobre o longa. Em entrevistas, a atriz afirmou que certas cenas da animação original, lançada em 1937, estavam ultraadas e não funcionariam nos dias atuais. Entre elas, destacou a postura mais submissa da protagonista e o icônico beijo do príncipe enquanto Branca de Neve está desacordada. Ambas as situações foram alteradas no live-action.
Os Sete Anões
Entre as polêmicas que antecederam a produção, esteve também a discussão sobre os Sete Anões. Na animação original, eles eram parte fundamental da história e até mesmo do título do filme, mas sofreram mudanças drásticas no live-action.
O ator Peter Dinklage, conhecido por interpretar Tyrion em Game of Thrones, criticou a Disney por, ao mesmo tempo em que escalava a primeira princesa latina para promover diversidade, manter o que ele chamou de uma “história distorcida”, com os anões vivendo juntos em uma caverna.
A declaração gerou divisão entre atores com nanismo. Enquanto alguns apoiaram a crítica de Dinklage, outros argumentaram que a exclusão dos anões poderia reduzir oportunidades de trabalho para esse grupo na indústria cinematográfica.

Em resposta, a Disney decidiu recriar os Sete Anões por meio de efeitos visuais, escalando dubladores para os personagens – dos quais apenas um era ator com nanismo. A escolha também gerou críticas, levantando debates sobre inclusão e representatividade na indústria cinematográfica.
Disputas ideológicas
Na busca por culpados pelo fracasso do filme, um nome se destacou entre as críticas nos Estados Unidos: Rachel Zegler. Durante a produção e a divulgação do longa, a atriz se envolveu em diversas polêmicas, o que, segundo relatos, gerou incômodo entre os executivos da Disney.
Nos meses que antecederam a estreia, Zegler se posicionou publicamente a favor da Palestina em meio à guerra com Israel e fez declarações contrárias ao recém-eleito conservador Donald Trump. Portais norte-americanos afirmam que a Disney chegou a pedir que a atriz moderasse suas falas para evitar desgastes com o público, mas ela manteve suas opiniões e postagens.
A controvérsia se intensificou com a postura de Gal Gadot sobre o conflito. Israelense, a atriz também se manifestou de forma enfática, mas em apoio a Israel. Suas declarações geraram reações negativas, e sua atuação como Rainha Má foi uma das mais criticadas do filme.
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Disney tentou esconder o filme
Diante das polêmicas, a Disney tentou controlar a repercussão em torno do filme. Além de submetê-lo a diversas refilmagens, a empresa adiou ao máximo a divulgação do material promocional, que só foi compartilhado pouco antes da estreia—uma estratégia que não ou despercebida pelos fãs.
A campanha de lançamento também foi restrita: os eventos de divulgação ocorreram apenas nos Estados Unidos, com o limitado à imprensa e forte presença de funcionários da Disney. Gal Gadot e Rachel Zegler, protagonistas do longa, quase não apareceram juntas e evitaram as tradicionais entrevistas em dupla, comuns em estreias desse porte.