Mudar ou não de escola: como agir na chegada do segundo filho?
No iminente nascimento da segunda criança, a troca de colégio – uma ruptura abrupta – pode não ser um caminho muito sábio
atualizado
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Entre uma conversa e outra com algumas colegas, uma delas, grávida do segundo filho, mencionou que mudará o primogênito de colégio. Perguntei o motivo da troca e ela respondeu: “Com dois filhos, preciso escolher uma escola que ofereça horário integral, pois o bebê que virá absorverá toda a minha atenção!”.
Imediatamente pensei no primogênito dela. Como será que ele está encarando essas mudanças? Será que associa a chegada do irmãozinho a perdas de espaços conquistados? Será que acha que não será mais amado?
No iminente nascimento do segundo rebento, parece-me que mudar a criança mais velha de colégio não é um caminho sábio. A psicóloga Maria Raquel Gonçalves de Araújo explica: “Os pais precisam se adequar às mudanças da chegada do segundo filho, assim como aconteceu com o primeiro. Porém, essa adaptação não deve ter cortes abruptos ou mudanças drásticas. Tudo pode ser policiado e gentilmente negociado com todos os envolvidos: pais+filho mais velho+filho mais novo.”
A psicóloga acrescenta: “Amor não permite sacrificar o filho mais velho só porque nasce o mais novo”.
Novamente, o conhecimento nos permite saber como agir.
Mudar a rotina do primogênito em função da chegada do irmão sem uma conversa adequada e amorosa poderá gerar sentimentos de injustiça, desigualdade, desconfiança e insegurança.
A junção dessas quatro emoções favoreceria a instalação de um território de revolta e/ou sentimento de inferioridade, afirma a psicóloga Maria Raquel.
A literatura reconhece o quanto essas questões possibilitam o surgimento de transtornos psicológicos e mentais de maneira comum nos dias atuais. Distúrbios como depressão, ansiedade, sintomas de pânico, comportamentos autodestrutivos, comportamento desafiador/opositor, isolamento social, entre outros.
Próximo ao nascimento do segundo filho, o ideal é que as famílias não façam nenhum tipo de mudança. Alice Simão, fundadora e diretora da Kingdom Kids, concorda e complementa: “O ideal é que as mudanças sejam feitas até o quarto mês de gestação. Caso contrário, só depois que o bebê nascer e de preferência meses depois do nascimento e não em seguida”.
A diretora cita como exemplos de eventos importantes que não devem ser modificados neste período: desfralde, chupeta, naninha e berço do primeiro filho. Alice, contundente, afirma: “Evite mudar a rotina da criança”.
Ao longo da gravidez converse com o primogênito, prepare-o para a chegada do irmão. “Converse com o seu filho, diga que, quando o bebê nasce, ele só mama, dorme e muitas vezes chora”, ensina Alice Simão. Esse alerta é importante para que a criança não fique na esperança de que o irmãozinho vai nascer grande e brincando com ela, explica a especialista.
Outra questão relevante é ter momentos exclusivos para o filho mais velho. Aqui, o pai tem papel fundamental – sobretudo nas primeiras semanas do caçula, quando o novo bebezinho demanda demais da mãe. Fazer atividades só com o primogênito demonstra a ele que sempre haverá espaço para momentos de demonstração de amor exclusiva – e não apenas uma nova rotina onde tudo é compartilhado
Certamente, o nascimento do segundo filho impõe uma nova dinâmica familiar. Saber lidar com ela com sabedoria dará segurança ao primogênito, permitindo que ele ame o caçula, sem se sentir menos amado pelos pais.