Vídeo mostra suspeito de matar travesti a facadas na Asa Norte
Garotas de programa correram pela W3 para tentar ajudar Ana Clara Lima, ou Júlia, que foi esfaqueada e acabou morrendo
atualizado
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Imagens de câmeras de segurança mostram a movimentação de travestis na madrugada de sexta-feira (17/01/2020), na Asa Norte, e o suspeito de matar uma Ana Clara Lima, 36 anos, ou Júlia. O homem, conhecido como “Coruja”, tem 51 anos e está foragido.
As câmeras flagraram o momento em que ele corre com uma faca na mão. Em outras, aparece o carro de Ana Clara estacionado em frente a um prédio na W3, altura da 509. Após ser ferida, a travesti ainda buscou socorro no Hospital de Base do DF (HBDF), mas não resistiu aos ferimentos.
A transexual teria sido atacada no intervalo em que quatro travestis deixaram o veículo da amiga e que voltaram ao local. Júlia morreu dentro do próprio carro, antes de chegar ao hospital.
De acordo com a Polícia Militar, outra travesti foi ferida com um corte no braço, mas a bem. O homicídio e a tentativa de assassinato, segundo informações da corporação, teriam ocorrido após as vítimas terem sido vítimas de um assalto.
https://youtu.be/NYzDHgCmkg8
Policiais militares do Gtop 23 faziam ronda na 706 quando foram abordados por quatro travestis pedindo socorro. De acordo com elas, o autor teria esfaqueado as duas vítimas após elas reagirem a um roubo.
O assassinato de Ana Clara Lima, mais conhecida como Júlia, repercutiu entre garotas de programa que trabalham na Asa Norte. Uma garota de programa, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que muitos homens vão ao local especificamente para abordar travestis.
“O Coruja sempre estava por aqui, já era cliente conhecido. Ele era muito louco e drogado, só ficava com as trans, assim como muitos outros caras”, afirmou.
De acordo com ela, o movimento é muito grande na área. “A Júlia era uma das travestis mais corretas e finas daqui, e nunca se metia em confusão. É até estranho porque as transsexuais daqui não ficam na rua”, explicou.
A mulher diz que a maioria das travestis recebe os clientes com combinação fechada direta em sites específicos. “Só descem para a rua quando o movimento deles (sites) está fraco”, contou a mulher.
Requisitada
Ainda segundo a colega de trabalho, Júlia ganhava bem por meio de uma dessas páginas e era umas das travestis mais requisitadas do local. A mulher ainda conta que, em um ano que está na região, essa foi a primeira vez que ficou sabendo de um crime cometido.
“Particularmente, eu nunca fui roubada e também nunca vi tentativa de assalto. Toda hora tem polícia aqui na região. Tanto é que, na hora do crime, um estava fazendo ronda”, afirmou.
A garota de programa ainda chamou atenção para o fato de que, às vezes, há roubos entre travestis e clientes. “Já teve muitos casos de travestis que roubaram celular e outras coisas dos clientes, assim como eles também levam coisas delas. Mas a Júlia não era disso, ela era a mais correta”, explicou a mulher.
A Polícia Civil (PCDF) investiga o caso.