Preso testa positivo para coronavírus e deixa Papuda em alerta
Doze servidores estão infectados. O vírus está se espalhando por diferentes setores do complexo
atualizado
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Um preso do Centro de Detenção Provisória (CDP), localizado no Complexo Penitenciário da Papuda, testou positivo para o novo coronavírus. O sistema penitenciário do DF está em alerta. Em menos de 24 horas, o número de policiais penais infectados dobrou. Doze servidores testaram positivo para Covid-19. O vírus está se espalhando por diferentes setores do complexo. Outros 20 funcionários apresentaram sintomas e aguardam o resultado dos exames.
No CDP, há presos que se enquadram no grupo de risco, como idosos e pessoas com deficiência. Eles ficam detidos no Bloco 5.
Os cinco servidores que foram diagnosticados inicialmente estão lotados no Centro de Internamento e Reeducação (CIR). Os demais atuam nas penitenciárias do Distrito Federal I e II (PDF I e PDF II) e no Centro de Detenção Provisória (CDP), que é destinado à custódia de detentos presos provisoriamente.
Entre os cinco contaminados do CIR, três são da mesma equipe de plantão. A unidade abriga cerca de dois mil detentos, incluindo os que estão no semiaberto, mas sem benefício ao trabalho.
A determinação da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), órgão da Secretaria de Segurança Pública, é de que todos os infectados deixassem os postos de trabalho e se isolassem em casa.
Primeiros testes
A Sesipe informou que os três primeiros resultados positivos foram recebidos na quinta-feira (02/04), na sexta (03/04) e nessa segunda-feira (06/04). De acordo com o órgão, a orientação da Secretaria de Saúde (SES) é testar somente quem apresentar sintomas da Covid-19.
“Quando algum servidor do sistema prisional está sintomático, a Gerência de Saúde Prisional o encaminha, imediatamente, para a rede pública de saúde para realizar o teste. Na sequência, o servidor é direcionado para o isolamento em casa até o resultado do exame”, assinalou a Sesipe por meio de nota.
Repúdio
O Sindicato dos Policiais Penais do DF (Sindpen), também mediante nota, critica a atenção dada aos servidores. “Na sexta-feira (03/04), um policial penal lotado no CIR foi afastado do trabalho por suspeitas de Covid-19. No dia seguinte, ele requisitou atendimento para realizar o teste. Pediram que aguardasse, pois uma equipe de saúde iria até sua casa para realizar o exame no domingo. Porém, isso não ocorreu”, destacou a entidade.
“Remarcaram para segunda, depois terça, e nada. Foi necessário que ele, mesmo em meio a dores e febre alta, fosse dirigindo até o CIR para realizar o exame”, acrescentou o Sindpen.
Ao todo, os presídios do DF têm mais de 17 mil presos. Na tentativa de impedir o avanço do coronavírus nas cadeias e distensionar o sistema prisional, a Vara de Execuções Penais (VEP-DF) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) estabeleceu critérios para liberação de presos: a progressão regular de regime, ou seja, que já liberaria os detentos para voltar às suas respectivas residências por terem cumprido a pena; e a progressão antecipada, motivada pelo avanço da doença no DF.
A vara acolheu parcialmente pedido da Defensoria Pública para conceder prisão domiciliar antecipada aos presos que teriam esse regime alcançado nos próximos 120 dias. A intenção é evitar que pessoas saudáveis presas sejam infectadas, tendo em vista que os apenados do regime semiaberto tinham contato com o mundo externo e poderiam estar contaminados.
As visitas às unidades prisionais estão suspensas até o próximo dia 10, quando serão novamente avaliadas. A medida, iniciada em 12 de março, está alinhada às ações do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para a prevenção do contágio pelo novo coronavírus.
Nesta quinta-feira (09/04), a reportagem acionou a Secretaria de Segurança Pública, mas até a última atualização da matéria não havia recebido retorno.