Delegado sobre ataque à PF: “Incitaram crimes e atacaram policiais”
Detidos devem responder por crimes como dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa e golpe de Estado
atualizado
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Extremistas presos no âmbito da Operação Nero — deflagrada nesta quinta-feira (29/12) — pelos atos de vandalismo em Brasília em 12 de dezembro, foram identificados como “incitadores dos atos criminosos, por terem fornecido combustíveis, por depredação de patrimônio público e atacarem policiais”, segundo o diretor de combate ao crime organizado (Dicor) da Polícia Federal (PF), Cléo Matsiak Mazzotti.
Durante coletiva de imprensa, nesta manhã, o investigador afirmou que todos os detidos aram pelo acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
“Vários dos detidos aram pelo QG. Entretanto, não vinculamos a questão do que aconteceu em 12 de dezembro ao acampamento. A investigação foi apenas sobre os atos de vandalismo. Mas, de qualquer forma, posso dizer [que os envolvidos nas investigações] transitaram, sim, pelo QG”, enfatizou o diretor da Dicor.
As investigações apontaram, ainda, relação dos atos de vandalismo com George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, empresário bolsonarista que tentou promover um atentado a bomba no Aeroporto de Brasília, na última véspera de Natal.
O investigado foi preso com arsenal que incluía munição e explosivos. Em depoimento à polícia, George Washington declarou que veio para a capital federal “preparado para guerra” e que aguardava uma “convocação do Exército”, pois se definiu como um “defensor da liberdade”.
Apesar de não ter deixado claro o envolvimento de George Washington com os atos criminosos em frente ao edifício da PF em Brasília, os investigadores afirmaram que a operação tem relação com a bomba encontrada perto do Aeroporto de Brasília e que todo tipo de envolvimento ou eventuais financiamentos dos atos serão descobertos.
Operação Nero
A operação promovida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) com a Polícia Federal (PF) ocorre em sete estados e no DF. Até o momento, os investigadores identificaram 40 pessoas envolvidas no atos criminosos de 12 de dezembro.
As equipes cumpriram 32 mandados de busca, apreensão e prisão na manhã desta quinta-feira (29/12), expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As apurações contaram com métodos de inteligência policial, oitivas e análises de fotos e vídeos registrados no dia do ataque. Apesar das cenas de terror registradas no centro da capital federal, nenhum suspeito foi levado para a delegacia após os atos de vandalismo.
Os suspeitos podem responder pelos crimes de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, cujas penas máximas somadas atingem 34 anos de prisão.
Investigados
Um dos presos nesta quinta-feira (29/12) é Átila Reginaldo Franco de Melo, 41 anos. Encontrado em São Gonçalo (RJ), ele é suspeito de participar da tentativa de invasão ao edifício-sede da Polícia Federal e de praticar outros atos criminosos na mesma data, na capital federal, como a depredação do prédio da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), além de provocar incêndios criminosos em veículos e ônibus.
Átila Melo costuma publicar nas mídias sociais mensagens de ódio contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Apesar de morar no Rio de Janeiro, costumava viajar com frequência a Brasília para participar de atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Em meio à depredação no centro de Brasília, equipes do Metrópoles flagraram Átila junto aos vândalos.
Além de Átila, a coluna Na Mira apurou que os investigadores prenderam a bolsonarista Klio Hirano, 40. Nas mídias sociais, ela exibia uma série de publicações, com vídeos e fotos no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e em encontro com outros “patriotas”.
O terceiro detido é Joel Pires Santana, 40, nascido em Cacoal (RO) e pastor evangélico. Preso em Rondônia, ele participou com frequência dos atos bolsonaristas em Brasília.
Então candidato a deputado estadual por Rondônia, nas eleições deste ano, Samuel Barbosa Cavalcante, 43, foi o quarto preso no âmbito da Operação Nero. O empresário também é um dos suspeitos de comprar combustível usado no dia dos ataques. Pelas mídias sociais, divulga vídeos em apoio a Jair Bolsonaro (PL).
Ricardo Yukio Aoyama, 33, preso em Rondônia, foi alvo de busca e apreensão. Na casa dele, os investigadores encontraram uma pistola. Ele teria comprado combustíveis durante os atos de vandalismo em Brasília, segundo as polícias Federal e Civil do DF. Nas mídias sociais, o suspeito se apresenta como apoiador do presidente Bolsonaro.