Base e HFA recebem 18 respiradores de baixo custo em parceria com USP
Equipamentos foram desenvolvidos pela Escola Politécnica. Funcionários dos dois hospitais serão instruídos a usar as máquinas
atualizado
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O Distrito Federal recebeu ao longo das últimas três semanas 18 respiradores pulmonares e ventiladores mecânicos desenvolvidos pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Com uma tecnologia inspirada na indústria automobilística, esses equipamentos têm um custo 15 vezes menor que o comum e vêm sendo utilizados em todo o Brasil para ajudar neste momento de crise na saúde.
O projeto denominado Inspire tem feito parcerias com hospitais de todo o Brasil e busca atender os locais com maior necessidade, conforme explica Raul Gonzalez Lima, chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP e membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE).
“Existe toda uma logística para atender essas cidades e as que estão em volta também. O que a gente faz é emprestar esses equipamentos. Então pode ser que possamos pegar um respirador de uma cidade e levar à outra por conta da demanda”, diz.
Em Brasília, o Hospital de Base e o Hospital das Forças Armadas (HFA) receberam as máquinas. Foram 15 equipamentos cedidos ao primeiro centro médico e mais três ao segundo. “Estamos na fase de treinamento dos fisioterapeutas, enfermeiros e médicos que vão lidar com o equipamento. Por eles terem uma interface e funcionamentos diferentes que o habitual, não podemos só entregar e pronto”, relata o professor.
As diferenças básicas são justamente aquilo que tornam os ventiladores mais baratos. Utilizando produtos fabricados no Brasil em larga escala, fica mais fácil fazer apenas a adaptação. “Um motor de combustão, por exemplo, tem uma válvula que faz a dosagem de fluidez do combustível, e a indústria nacional fabrica vários deles. Nós então adaptamos à necessidade de dosar o oxigênio e a válvula consegue fazer o mesmo trabalho”, detalha.
Outra diferença está no software. Toda a produção é feita pela própria Politécnica da USP, ou seja, não há necessidade de pagar royalties ou ter maiores gastos com licenças. “Tudo isso só foi possível graças a anos de pesquisas anteriores. Eu mesmo atuo na área de monitoramento de tecidos pulmonares há duas décadas. Juntamos as experiências de outros departamentos e conseguimos produzir essas máquinas em tempo recorde”, comemora.
Ao todo, já foram 550 equipamentos produzidos e 430 distribuídos em centenas de cidades do Brasil. A expectativa é conseguir ampliar ainda mais este número. “É um projeto que mostra como diversas instituições podem trabalhar juntas em um sentido único, que é salvar vidas”, destaca.
O projeto é feito inteiramente por meio de doações. Pessoas ou empresas interessadas em ajudar na elaboração de mais ventiladores e respiradores podem fazê-lo pela vaquinha virtual do Projeto Inspire.