Gripe aviária confirmada no DF: especialista explica se vírus afeta humanos
Um exame realizado no irerê encontrado morto no Zoológico de Brasília confirmou que o animal estava com gripe aviária
atualizado
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Um exame realizado no irerê encontrado morto no Zoológico de Brasília confirmou que o animal estava com gripe aviária. A informação foi confirmada na noite desta terça-feira (3/6), segundo informações obtidas pelo Metrópoles em primeira mão.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) enfatiza que o vírus não é transmitido pelo consumo de aves ou ovos e que não há necessidade de restringir esses alimentos. O risco só existe para quem tem contato direto com aves doentes. E, mesmo assim, o risco de transmissão para humanos é considerado muito baixo.
Apesar da confirmação do primeiro caso no DF, o biólogo e mestre em biofísica molecular André Luís Soares Smarra também ressaltou que a chance de transmissão da doença para humanos é pequena.
“A influenza aviária infecta aves e também pode infectar os mamíferos. Contudo, a chance de contágio de seres humanos é praticamente remota”, enfatizou.
Apesar disso, pessoas sem a devida proteção individual e expostas a aves infectadas ou a ambientes de sacrifício desses animais têm chance de contrair a enfermidade. Nesses casos, o vírus é transmitido por meio do contato com a secreção de bichos doentes.
“Ainda assim, é importante deixar claro: a gripe aviária não infecta seres humanos com facilidade. E, geralmente, a transmissão de pessoa a pessoa não se sustenta”, afirmou o biólogo.
Letalidade e sintomas
Ainda segundo André Luís, o controle da doença se dá por meio do manejo de animais doentes. O protocolo adotado é de abate das aves infectados. Em caso de eventual infecção por humanos, a taxa de letalidade da virose é alta, pois uma quantidade expressiva de pacientes não sobrevive.
Os sintomas da doença em humanos são semelhantes aos de uma infecção respiratória. O paciente apresenta, inicialmente, um quadro leve, com secreção ou muco, náusea, febre, tosse e desconforto respiratório.
No entanto, a progressão da gripe aviária é rápida, e a pessoa infectada pode desenvolver uma pneumonia e, eventualmente, morrer. “Assim, diante dos sintomas, é preciso procurar um médico e fazer os exames o quanto antes”, aconselhou o especialista.
Em caso de resultado positivo para o vírus em circulação, o tratamento é feito no hospital, sob acompanhamento de uma equipe de profissionais da saúde.
Caso no zoo
Fechado temporariamente desde quarta-feira (28/5) para visitas após suspeita de gripe aviária, o Zoológico de Brasília instaurou protocolos de segurança sanitária no local.
A medida foi adotada como forma de precaução após duas aves serem encontradas mortas com suspeita de gripe aviária. Todos os veículos que precisam entrar ou sair do local estão sendo higienizados.
A Seagri começou uma operação de inspeção nas propriedades rurais dentro de um raio de 3 km ao redor do parque.
Segundo a secretaria, “as equipes técnicas estão verificando a saúde dos animais e orientando os produtores sobre sinais clínicos compatíveis com doenças aviárias, além de reforçar a importância da notificação imediata em caso de algum sinal suspeito”.
De acordo com a Seagri, além das visitas às propriedades, estão sendo inspecionadas lojas que comercializam aves vivas. “A operação também inclui o uso de drones para sobrevoos em unidades de conservação, incluindo o próprio Zoológico e o Jardim Botânico, com o objetivo de identificar possíveis animais com sintomas”, informou.
Vacinas
Atualmente, há vacinas contra o vírus aplicadas na população de países como Estados Unidos, China, Canadá, Japão e Reino Unido. Entretanto, as doses estão reservadas para grupos de risco, como avicultores e veterinários.
No Brasil, o Instituto Butantan produziu um imunizante, mas ainda aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testá-lo em humanos.
Mas, no cenário brasileiro, segundo André Luís, cabe ao poder público isolar os locais com casos suspeitos, assegurar o sacrifício das aves em caso de confirmação de contágio e garantir o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelas equipes de vigilância. “E a população deve aguardar as orientações das autoridades e segui-las”, concluiu.