Consumidor gastará menos com presente de Dia das Crianças no DF
Valor médio da compra deve cair de R$ 162,18 para R$ 145,46, segundo Fecomércio. Brasiliense preocupa-se com bens de primeira necessidade
atualizado
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O Dia das Crianças não está de brincadeira com os consumidores locais. Apesar de estarem dispostos a comprar, os brasilienses devem gastar menos. Um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) estima que os moradores da capital desembolsarão, em média, R$ 145,46 na data comemorativa neste ano. O valor é menor em comparação ao do ano ado, quando a intenção era gastar, em média, R$ 162,18.
A queda é percebida pelos comerciantes, que, segundo a Fecomércio-DF, ainda estão preocupados com a situação econômica no país. Por isso, apenas 37,2% dos empresários entrevistados esperam vender mais no Dia das Crianças deste ano.
A necessidade primeiro
O professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB) Jomar Miranda Rodrigues aponta o crescimento de custo dos bens de primeira necessidade como um dos principais motivos para a redução nos gastos com presentes neste ano.
“O valor de moradia e transporte, por exemplo, tem aumentando significativamente. Isso esmaga os gastos com os bens supérfluos”, afirma. “Por isso, as pessoas vão preferir [comprar] um brinquedo mais barato ou produtos genéricos.”
Mesmo a liberação do saque de R$ 500 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não deve dar um suspiro ao orçamento. “As pessoas têm focado pagar dívidas antigas. É o recomendado”, destaca o professor.
Preço calculado
Para não pesar no orçamento, Edsônia Alves, de 40 anos, aproveitou para comprar o presente do filho, de quase 2 anos, em uma promoção. “Eu queria gastar pouco. Estou gestante e comprando com outras coisas. Então, aproveitei e comprei [os presentes] antes”, explica.
A enfermeira gastou cerca de R$ 150 em vários brinquedos, incluindo um para o aniversário do menino. Mesmo que não encontrasse os presentes na promoção, Edsônia teria feito a compra para dar ao filho um produto mais em conta.
Apesar de 53% dos entrevistados terem a intenção de comprar presentes para as crianças, muitos outros vão frear os gastos neste fim de ano. Entre os 36% dos consumidores convictos de que não vão presentear na data, 28% afirmam que possuem dificuldades financeiras ou estão desempregados.
Lazer mais caro
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) calcula que os gastos com lazer cresceram nos últimos 12 meses. As maiores taxas registradas foram para cinema, com aumento de 7,25%, e para doces e salgados, que apresentou variação de 4,22%. Comprar um sorvete para a criançada também ficou mais caro. O crescimento foi de 1,45%.
Por outro lado, presentes comuns para o Dia das Crianças registraram o menor avanço dos últimos 12 meses. Os jogos para recreação, por exemplo, estão 0,6% mais baratos. No levantamento da Fecomércio-DF, os brinquedos aparecem em primeiro lugar na lista de desejos do consumidor. Do total de entrevistados, 83,95% afirmam ter preferência pelos produtos.
Os calçados – que aparecem em terceiro lugar na intenção de compra dos brasilienses – tiveram queda de preço de 1,5% nos últimos 12 meses. No entanto, alguns bens também ficaram mais caros, como livros e artigos esportivos – elevação de 4,98% e 4,74%, respectivamente.
Otimismo nacional
Se for considerado o país todo, a tendência é diferente. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta a maior alta de vendas em seis anos para o período, em todo o Brasil. Em relação a 2018, o estudo indica crescimento de 4,4%.
A data é a terceira mais importante para o comércio, perdendo apenas para o Natal e para o Dia das Mães. A CNC espera, ainda, que as vendas para o 12 de outubro movimentem R$ 7,8 bilhões neste ano.
No Distrito Federal, os segmentos mais otimistas, de acordo com a Fecomércio-DF, são as chocolaterias, que esperam um crescimento de 53% nas vendas. Em segundo lugar aparecem as lojas de calçados e órios, que projetam um aumento de 48,44%. Em relação aos brinquedos, os comerciantes estimam que as vendas cresçam em 45%.
O segundo semestre do ano tende a ser mais proveitoso para o comércio. O Sindivarejista-DF aponta que o orçamento do primeiro semestre é comprometido por pagamento de impostos, como o IPVA, e de despesas, como a de material escolar. O saque do FGTS também traz um ânimo a mais.
Atenção
O Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) recomenda que o consumidor verifique se o produto escolhido tem o Selo de Identificação da Conformidade do Inmetro, e que adquira brinquedos adequados às faixas etárias das crianças.
“O órgão lembra que os responsáveis devem evitar comprar brinquedos no mercado informal, como feiras e ambulantes, porque normalmente os itens comercializados nesses locais não seguem normas e especificações de segurança”, informou o Procon-DF em nota.
Até esta sexta-feira (11/10/2019), o órgão visitará lojas da capital para fiscalizar o cumprimento dos direitos do consumidor.