Corpo de Bombeiros atende 9 ocorrências de atropelamento a cada 24h no DF
Trágicos acidentes dessa natureza chocaram a capital neste mês. Famílias em luto relatam revolta com a impunidade de motoristas imprudentes
atualizado
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Agosto foi marcado por graves acidentes de trânsito no Distrito Federal. Apenas na primeira semana do mês, três atropelamentos com vítimas fatais chocaram a população da capital. Em nenhum desses casos os motoristas que provocaram os acidentes permaneceram detidos. Em luto, famílias que perderam entes queridos relatam revolta com a impunidade dos condutores.
Desde 1º de janeiro deste ano até o dia 17 deste mês, o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) atendeu 2.219 ocorrências de atropelamento na capital. Isso significa que a corporação registrou, em média, nove chamados por dia para esse tipo de acidente em 2020.
Veja os números dessas ocorrências registradas em cada mês do ano:
Na última segunda-feira (17/8), um casal que estava em uma motocicleta foi atropelado por um carro na QI 19 do Lago Sul. O homem apontado como condutor do Volkwagen Up! branco, que fugiu após o acidente, é Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello. Ele é funcionário comissionado do Senado Federal e estava com a CNH suspensa por embriaguez ao volante.
Douglas Gonçalves dos Santos, 20 anos, pilotava a moto e foi atendido no local. Já sua companheira, Paula Thays Gomes Oliveira, 18, que estava na garupa do veículo, só foi encontrada cerca de 4 km do local da colisão.
Indignação
Antes do caso que chamou atenção de brasilienses nesta semana, outros acidentes da mesma natureza tiveram final trágico no início do mês. Em entrevista ao Metrópoles, familiares de vítimas relataram indignação com a imprudência dos motoristas responsáveis pelos atropelamentos.
No dia 3 de agosto, Felipe Alves da Silva, 24, morreu atropelado enquanto trocava o pneu do carro na DF-230, próximo ao Morro da Capelinha, em Planaltina. Antonisio Araujo da Silva, 43, autor do atropelamento, estava embriagado. Ele recebeu liberdade provisória após uma audiência de custódia.
Francilene Alves Rocha, 31, é uma entre os seis irmãos que Felipe deixou. Ele não se casou nem teve filhos. Segundo ela, Felipe era morador de Planaltina de Goiás, no Entorno, e trabalhava como motorista de aplicativo no DF havia cerca de seis meses.
No dia em que morreu, Felipe estava realizando uma corrida em Planaltina-DF, quando um dos pneus do carro furou. “Então, ele chamou outro aplicativo para continuar a viagem do ageiro e esperou os primos dele chegarem para trocar o pneu”, contou a irmã.
“Eu estava conversando com ele por mensagem para saber da situação. Quando ele foi trocar [o pneu], veio um carro e jogou meu irmão longe”, narrou.
Segundo Francilene, a família sofre não só pela morte de Felipe, mas também porque o motorista não permaneceu preso após atropelar o rapaz. “Como o cara bebe, pega a direção do carro e não tem a intenção de matar? A gente fica muito indignado com essa impunidade”, desabafou.
Garis atropelados
Dois dias depois da morte de Felipe, os garis Ilda Barbosa de Sousa, 52, e Anísio de Souza Lopes, 48, voltavam para casa, de bicicleta, após realizarem trabalho de limpezas nas ruas de Sobradinho II, quando foram atropelados por um carro conduzido por Josué Alexandro Reis, 40. Os dois morreram. Após ar por audiência de custódia, o motorista foi solto sem fiança.
Viúva de Anísio, Solivânia Lopes, 35, agora tem que criar os três filhos do casal sozinha. “Ele era um bom marido e um bom pai. Tiraram ele de nós”, lamentou a moradora de Sobradinho. “Era muito trabalhador, estava havia cerca de 20 anos na profissão”, completou.
Para Solivânia, o fato de o motorista que atropelou Anísio ter sido solto intensifica a dor da família. “Dói muito saber que um irresponsável tirou a vida do meu marido e agora está por aí, vivendo a vida, enquanto eu estou sofrendo e meus filhos estão sem o pai”, desabafou, comovida.
Números ainda são menores que os de 2019
Apesar do número elevado de atropelamentos atendidos pelo CBMDF em 2020, a quantidade de registros de acidentes dessa natureza no mesmo período do ano ado é ainda 47,8% maior.
Segundo o Corpo de Bombeiros do DF, foram registradas 3.279 ocorrências de atropelamento entre janeiro e agosto de 2019 – 13 por dia. Dessa forma, a corporação atendeu 1.060 chamados a menos nesse ano em que o DF enfrenta a pandemia do novo coronavírus.
Nos registros do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), os números de vítimas fatais de atropelamento também tiveram redução neste ano. Segundo os dados do órgão, em que são levados em conta atropelamentos de pedestres, 28 pessoas morreram atropeladas até julho de 2020. No mesmo período do ano ado, 63 pedestres foram vítimas fatais de atropelamento, 35 a mais.
