Pai vive calvário para conseguir canabidiol para filha: “Negligência”
Segundo a família, medicamento derivado da cannabis é indispensável para sobrevivência da jovem, que tem crises epiléticas 24 horas por dia
atualizado
Compartilhar notícia

Mesmo sob prescrição médica e com a vida em risco, Gabriela Palhares Glitz Ferreira Schumann, 21 anos, diagnosticada com epilepsia, não consegue o ao tratamento com canabidiol (CBD) pela rede pública de Saúde do Distrito Federal.
A jovem recebe regularmente outros medicamentos, pela Farmácia de Alto de Custo do Gama. A família também compra o remédio à base de cannabis, no entanto, o tratamento deixou de apresentar os efeitos suficientes. Após exames, a médica responsável prescreveu a adoção de uma dose de reforço com o CBD, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A família deu entrada no pedido, mas não conseguiu o ao medicamento.
“Se a minha filha não tomar esse medicamento ela morre. Ela morre por excessos de crises epiléticas”, desabafou o pai de Gabriela, o servidor público Adalberto Alfredo Schumann, 53.
Segundo Schumann, Gabriela enfrenta crises 24 horas por dia. “A medicação suaviza essas crises. Faz com que elas fiquem amenas, permitindo que ela e sobreviver”, explicou.
Para o servidor, a falta de cuidado que a família percebido da rede pública do DF é inissível. “Fazem com que a gente se sinta mal. Como palhaços, sendo jogados a seu bel-prazer. É um desrespeito marcante. Nunca imaginei um órgão insensível”, chorou.
De um lado para outro
Como Gabriela já recebe os fármacos na Farmácia de Alto Custo do Gama, a família acreditou que seria necessário apenas adicionar o CBD à lista de fármacos. Após agendamento, Alberto apresentou o pedido em 10 de outubro. Mas, segundo o servidor, a farmácia teria alegado falta de informações nos documentos. Um cabeçalho não estaria preenchido pela médica. Os servidores disseram que só faltaria isso.
Adalberto voltou ao consultório. Após preencher a papelada, regressou à farmácia. “Quando chego, disseram que estava faltando relatórios”, contou.
Novamente, o pai de Gabriela retornou ao consultório em busca dos documentos. Adalberto chegou à farmácia às 16h40 de quinta-feira (9/11). “Não me atenderam para protocolar. Disseram que era só até 17h”, alegou.
Às 13h30 de sexta-feira (10/11), Adalberto voltou outra vez a farmácia. “Comecei a ser atendido e a atendente disse que a documentação estava errada. Eu falei: ‘Não é possível'”, bravejou.
Adalberto perdeu a paciência. Foi incisivo e falou mais alto. Os servidores exigiram mais documentação. “Disseram: ‘Já está pedindo só o CBD os outros medicamentos cadastrados no sistema vão ser cancelados'”, denunciou. “Fiquei até preocupado com essa situação, da Secretaria de Saúde tirar a medicação da minha filha. Ela tem epilepsia de difícil controle”, lamentou
Adalberto ficou indignado. “Minha filha não deixou de ter epilepsia. Eles ficam empurrando para ver se a gente desiste de receber a medicação e compra na farmácia. São medicamentos que custam R$ 4 mil por mês. Eu não tenho mais condições”, disse.
Adalberto pediu os nomes dos servidores envolvidos. Segundo o pai de Gabriela, ninguém se identificou. A situação virou caso de polícia. A Polícia Militar (PMDF) foi acionada e eles acabaram na 20ª Delegacia de Polícia Civil (Gama).
“Saí sem o CBD para a minha filha. E não tenho certeza se vai ser aceito o registro de inclusão. É uma negligência, uma falta de empatia, de solidariedade, de respeito”, desabafou. “Custa ter um pouco mais de empatia? A gente não está ali para fazer graça não. A gente está ali por um necessidade fisiológica, de sobrevivência”.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde para ouvir o posicionamento da Farmácia de Alto Custo do Gama sobre o episódio. Por meio de nota, a pasta argumentou que não houve falha no atendimento.
Segundo a pasta, o pedido do medicamento deveria constar juntamente com os demais remédios. Os medicamentos seriam incluídos na lista posteriormente.
Na versão da secretaria, os familiares se exaltaram e ameaçaram os servidores.
Leia a nota completa:
A Secretaria de Saúde informa que, para cadastro de novo medicamento é necessário que conste no relatório todos os medicamentos que o paciente retira na farmácia para que seja possível identificar se é uma associação ou se é uma troca de medicamento.
No caso em questão, a família foi avisada que o canabidiol deveria constar no Laudo do Medicamento Especializado (LME) juntamente com os outros medicamentos cadastrados porém, o CDB foi apresentando sozinho no LME o que indicaria que seria uma monoterapia (uso de somente um medicamento). Para agilizar o processo e não prejudicar a paciente, foi então sugerido a abertura de um processo para o canabidiol e, assim que conseguissem, eles entregariam o relatório completo e os outros medicamentos seriam incluídos na lista.
O Laudo do Medicamento Especializado (LME) com todos os medicamentos que o paciente retira na farmácia garante que o mesmo tenha o à terapia completa prescrita pelo médico e disponibilizada nas farmácias do componente especializado (alto custo).
Ao explicar a situação, os familiares se exaltaram ameaçando os servidores.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso.