Mãe de bebê sequestrado no Hran presta depoimento na DRS
Segundo testemunhas, recém-nascido teria sido levada nesta terça (6/6) por uma mulher loira com vestido florido
atualizado
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A Polícia Civil investiga o sequestro de um recém-nascido no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) no começo da tarde desta terça-feira (6/6). A suspeita é de que uma “mulher de vestido florido”, segundo testemunhas, tenha levado a criança de dentro da unidade de saúde, que é referência no Distrito Federal em tratamento de vítimas de queimaduras.
A Delegacia de Repressão a Sequestro (DRS) deve divulgar um retrato falado com as características da suspeita. O Hran não confirma se a pessoa que levou a criança é um homem ou uma mulher. A suspeita é de que o recém-nascido (e não recém-nascida, como a Secretaria de Saúde havia informado anteriormente) tenha sido levado em uma mala ou uma bolsa, já que toda criança que sai do local a pelo crivo dos vigilantes.
De acordo com o diretor-geral do Hran, José Adorno, os funcionários foram notificados do sumiço da criança às 12h desta terça e, logo em seguida, a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) foi acionada. O caso ou para a DRS. “Foi noticiado que a mãe não estava no leito no momento em que o bebê foi levado. Apuramos o fato e então entendemos que se tratava de um sequestro”, explica.
A criança, segundo ele, nasceu em 25 de maio, na Unidade Básica de Saúde da Estrutural, e depois foi transferida para o Hran. Ou seja, tem apenas 12 dias de vida. A Secretaria de Saúde disponibilizou uma equipe com psicólogo e assistente social para atender a mãe e a família.
De acordo com o diretor, o hospital dispõe de 28 câmeras, seis apenas no alojamento conjunto do segundo andar, onde a criança desapareceu. Mas elas não registraram as imagens porque o processo de contratação da empresa que seria responsável pelas gravações foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). A Corte teria autorizado a continuidade da licitação, que está em andamento, segundo a secretaria.Cuidados especiais
Ainda segundo o diretor do Hran, a segurança do hospital é feita rotineiramente. “Nós dispomos de 17 vigilantes por dia e por turno”, ressaltou. O bebê teria alta nesta quinta-feira (8). Como estava com um equipamento de o à veia, a criança está com um hematoma no bracinho e precisa de cuidados especiais.
O recém-nascido, segundo uma servidora do berçário da unidade, teria sido levado durante uma atividade para as mães que estão internadas, intitulada “Dia da Beleza”. A mãe da menino, uma jovem de 19 anos, estava participando da atividade quando teve a criança levada. A mulher foi encaminhada à DRS, no Setor de Garagens Norte, onde prestou depoimento no fim da tarde desta terça. O pai também foi ouvido e liberado pelos policiais.
A mulher, cujo nome não foi divulgado, conta que pediu para que uma outra mãe olhasse seu bebê no leito para que particie do “Dia da Beleza”. Quando voltou, a criança não estava mais no local. A Polícia Militar foi informada do rapto, pois mantém um posto dentro do hospital. E vasculhou a unidade, sem sucesso, De acordo com características readas à corporação, a pessoa que levou a criança é uma gestante, baixa, com cabelos loiros e que usava roupa florida.
Na porta do hospital, o bochincho é grande. Algumas pessoas dizem que alguém da própria família da mãe levou a criança. Outras dizem que a mulher de 19 anos não estaria muito abalada com o caso e também que ela teria dado a criança. Mas tudo isso são especulações, pelo menos por enquanto.
Caso Pedrinho
O caso é parecido com o de Pedro Júnior Rosalino Braule Pinto, Pedrinho, que foi sequestrado em 1986 na maternidade do Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, e levado para Goiânia, onde viveu 16 anos como filho de Vilma Martins Costa, com o nome Osvaldo Martins Borges.
Simulando uma gravidez, Vilma sequestrou a criança para forçar o então companheiro, Osvaldo Martins Borges, a casar-se com ela. Ela acabou conseguindo seu objetivo. Ao ver a mulher supostamente grávida, Osvaldo deixou a família e criou Pedrinho com Vilma como se fosse seu filho legítimo.
Em 2002, os pais biológicos, que moram em Brasília, encontraram o menino e o episódio ficou conhecido como “caso Pedrinho”. O rapaz ainda mantém contato com Vilma, que chegou a ser condenada e presa.
Pedrinho virou advogado, casou-se, e mora na capital do país. Atualmente, compõe a banca de defesa do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Quinze anos depois de o rapaz ser encontrado, outro episódio semelhante, desta vez no Hran.
Nota do TCDF
Sobre as câmeras de segurança, o Tribunal de Contas do Distrito Federal divulgou uma nota no fim da tarde desta terça na qual informa que, em 2012, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal iniciou procedimento para adesão a uma Ata de Registro de Preços (ARP) do Senado Federal que previa o fornecimento, a instalação e a manutenção de câmeras para vigilância eletrônica.
O TCDF realizou uma auditoria entre agosto e novembro de 2016, por meio do processo 35025/2015, para fiscalizar os bens móveis permanentes estocados pela SES/DF. O relatório final aponta que, das 900 câmeras adquiridas, apenas 95 foram instaladas; dos 15 storages previstos para armazenagem de rede só três foram configurados; e dos quatro gerenciadores de sistema, apenas um foi configurado.
A análise preliminar apontou que os hospitais não tinham a estrutura adequada para o funcionamento completo da solução de monitoramento eletrônico. Na compra realizada, não foi prevista, por exemplo, a aquisição do switch, que é o equipamento que interliga as câmeras aos servidores e às estações de monitoramento.
O relatório de auditoria detalha que “em visita e entrevista com gestores do Hospital Regional da Asa Norte – HRAN, verificou-se que foram efetivamente instaladas 20 câmeras no local. Contudo, pela falta de estrutura , as câmeras nunca entraram em funcionamento”.
Denuncie
Quem tiver alguma informação sobre a criança sequestrada do Hran pode ligar para o 197, telefone de denúncia da Polícia Civil. Não é preciso se identificar.