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Dando a largada para os festejos juninos, o Governo do Estado do Maranhão realiza a quarta edição do projeto Maranhão de Reencontros, com apresentações que ocorrem aos domingos de maio, na Concha Acústica Reynaldo Faray, na Lagoa da Jansen, em São Luís.
Neste ano, o tema São João: O Maior do Mundo é aqui no Maranhão! dá a exata dimensão do que está por vir. Até agora, 15 atrações já se apresentaram no local, reunindo um público de mais de 5 mil pessoas a cada domingo.
“ Queremos que as pessoas vivam esse reencontro com a nossa cultura e com a riqueza da nossa tradição popular. O Maranhão de Reencontros é isso: sons, cores e emoções ganham vida ao som do bumba meu boi, do tambor de crioula, das quadrilhas, do cacuriá e de todas as manifestações que tornam nosso São João o Maior do Mundo”, enfatizou o secretário de Estado da Cultura, Yuri Arruda.
Em 2025, o lançamento oficial do São João ocorrerá no dia 30 de maio, sexta-feira, com o tradicional cortejo junino, no coração da histórica São Luís – a Praça Deodoro. Treze grupos de bumba meu boi já estão confirmados, além de outras atrações tradicionais.
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Patrimônio da Humanidade
O bumba meu boi do Maranhão é um espetáculo cênico-musical que nasceu do encontro entre credos indígenas, negros e europeus. Com ritmo, tradição e beleza, a manifestação popular abrange diversas formas de expressão cultural, como música, dança, teatro e artesanato. Não à toa, desde 2019, é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Junho traz a culminância de um ciclo festivo que acontece durante quase todo o ano. Sábado de Aleluia abre a temporada, com os grupos de bumba meu boi se reunindo para os primeiros ensaios. Quando junho finalmente começa, os festejos ficam cheios de segunda a segunda, provando a centralidade do bumba meu boi para a identidade cultural maranhense.
Os grupos se diferenciam pelos “sotaques”: as diferentes sonoridades produzidas pelos instrumentos utilizados — matraca, zabumba, orquestra, baixada e costa de mão, que também tem influência na forma como as personagens do Auto do Bumba Meu Boi se apresentam e utilizam as vestimentas. De diferentes formas, os batalhões homenageiam Santo Antonio, São João, São Pedro e São Marçal.
Dia 23, véspera de São João, acontece o tradicional Batismo do Boi, quando os grupos pedem a benção ao santo protetor. Na noite do dia 28, começa a festa no largo de São Pedro. Os batalhões se reúnem nas escadarias da Capela de São Pedro num evento ritualístico carregado de sentidos sagrados e profanos, se prolongando pela madrugada do dia 29, até meados da manhã.
Pela manhã é feita uma procissão marítima, com barcos saindo do Cais da Praia Grande. Em um momento emocionante, a imagem de São Pedro adentra a Baía de São Marcos. As embarcações fazem um percurso de quase duas horas, ando por Porto de Genipapeiro, Ponta d’Areia, Barragem do Bacanga até a volta para a rampa Campos Melo. Também é feita uma procissão terrestre pelo centro da cidade no fim da tarde.
No dia seguinte, 30, as celebrações se encerram com o encontro dos bois de matraca no bairro do João Paulo, uma homenagem a São Marçal – o primeiro bispo de Limoges, cidade sa cuja história remonta à Idade Média. O dia é considerado feriado municipal em São Luís. Quando encerrado o mês de junho, alguns grupos de bumba meu boi seguem fazendo apresentações até outubro, quando acontece o ritual da Morte do Boi.
Curiosidade
Apesar da forte devoção popular que lhe rendem tanto no Maranhão quanto em Limoges, na França, São Marçal não é um santo oficial da Igreja Católica. Sua celebração no catolicismo popular chegou ao Brasil com a colonização, e no Maranhão, com a invasão sa, entre 1612 e 1615.
São Luís foi fundada pelos ses em 1612, mas a tentativa de fundar uma França Equinocial no Maranhão foi arruinada na Batalha de Guaxenduba, em 1614, com a expulsão dos ses por portugueses e indígenas. Como se vê, o Maranhão é um lugar de tradições mistérios – e todas elas se desvendam em junho.