Sogra, esposas e irmãs de traficantes operavam a “Caixinha do CV”
Esses operadores eram responsáveis por movimentar grandes quantias de dinheiro, mantendo a facção financeiramente sólida
atualizado
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Em uma operação realizada nessa quarta-feira (15/1), o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com as polícias Civil e Militar, desarticulou o esquema financeiro que sustentava as atividades do Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do Rio de Janeiro. O foco da operação foi a chamada “Caixinha do CV”, um fundo que garantia luxo aos traficantes de alto escalão e financiava as operações criminosas da facção, operado, entre outros, por familiares de líderes do tráfico.
A investigação revelou que a istração da Caixinha do CV estava nas mãos de mulheres próximas a integrantes do tráfico, como sogras, esposas e irmãs de traficantes. Esses operadores eram responsáveis por movimentar grandes quantias de dinheiro, mantendo a facção financeiramente sólida, mesmo após a morte de alguns de seus líderes, como Carlos Henrique dos Santos, o “Carlinhos Cocaína”.
O esquema financeiro funciona como uma espécie de franquia. Chefes de pontos de venda de drogas pagam uma mensalidade à facção em troca de apoio logístico, fornecimento de entorpecentes e autorização para o uso da marca CV.
O dinheiro arrecadado, que chega a somas milionárias, tem dois destinos principais: sustentar o luxo dos traficantes de alto escalão, que ostentam mansões com academias particulares e áreas de SPA nas favelas, e financiar as atividades criminosas da facção, como a compra de armamentos, drogas e o pagamento de pensões a integrantes encarcerados.
A operação ainda apontou que o valor arrecadado também é utilizado para expandir o domínio territorial do CV, oferecendo empréstimos a novos líderes do tráfico e realizando subornos a autoridades públicas.
Em menos de seis anos, o valor movimentado pela “Caixinha do CV” superou a marca de R$ 21 milhões, com mais de 4.800 operações financeiras realizadas entre 2019 e 2025, sempre com o objetivo de lavar o dinheiro e dificultar o rastreamento.
A facção utiliza uma série de métodos para esconder a origem do dinheiro, como saques e depósitos em valores abaixo de R$ 10 mil, além de transferências sucessivas e a criação de “contas de agem”, que disfarçam os beneficiários finais.