“Já estou contando as balas, macaca”: prefeita sofre racismo e ameaças
Professora Nilda, prefeita de Parnamirim (RN), tem recebido mensagens de cunho racista e ameaças de morte. A PCRN investiga o caso
atualizado
Compartilhar notícia
A prefeita de Parnamirim (RN), Professora Nilda (Solidariedade) (foto em destaque) tem sido alvo de racismo e ameaças de morte. Por meio de mensagens, recebidas em um aplicativo de conversas, o autor dos crimes afirmou que matará a política e deixará o local pela porta da frente.
A prefeita registrou boletim de ocorrência e comunicou o fato à Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do RN (Sesed). A Polícia Civil do Rio Grande do Norte informou que iniciou a investigação do caso.
Em nota divulgada à imprensa, a Prefeitura de Parnamirim repudiou as ameaças de morte e as mensagens de cunho preconceituoso direcionadas à chefe do poder Executivo Municipal.
Segundo o pronunciamento, o emissor chamou a prefeita de “macaca” e afirmou que “está contando as balas”, referindo-se a projéteis de arma de fogo. “Causa repulsa, revolta e indignação, os ataques racistas e misóginos contra a primeira mulher negra da história eleita para governar o Município de Parnamirim”, disse a nota.
A nota aponta, ainda, que o perfil do autor das mensagens aparece como “SupremaCia Grazi”. O número de telefone utilizado tem código de DDD 011 (São Paulo).
O criminoso disse que invadirá o gabinete da professora Nilda. “Esse ato de violência política de gênero não pode prosperar e o poder executivo municipal espera que as autoridades competentes atuem de forma enérgica para prender o responsável ou responsáveis por essas atitudes deletérias”, escreveu a Prefeitura.
Ainda segundo o comunicado, o remetente se referiu a prefeita como “macaca” em uma clara manifestação racista, bem como afirmou “estar contando as balas” para atacá-la, destacando, inclusive, que vai invadir o gabinete da chefe do Poder Executivo da terceira maior cidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Revolta
As ameaças e mensagens de ódio têm mobilizado diversas frentes em defesa da prefeita. O partido Solidariedade, no âmbito nacional, se manifestou por meio de nota publicada nas redes sociais.
“É com grande indignação que nos manifestamos em repúdio aos ataques cruéis e desprezíveis dirigidos à prefeita de Parnamirim (RN), professora Nilda, que vêm crescendo em intensidade e aram das palavras às ameaças à sua integridade física. Ninguém deve sofrer ameaças de morte ou xingamentos racistas, muito menos uma mulher eleita que se dedica a transformar e melhorar sua cidade”, pronunciaram-se.
O partido continuou dizendo que o ambiente democrático deve ser um espaço de debate saudável e respeito, e não um terreno fértil para a violência e o ódio. “Manifestamos nosso total apoio à prefeita, que tem demonstrado força, coragem e comprometimento com sua missão. Sabemos que a transformação de Parnamirim enfrenta desafios, e cada ataque a ela é também um ataque a todos nós que acreditamos em um futuro melhor e nas mulheres na política.”
A Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (Promulher) também se manifestou e repudiou os atos de violência política de gênero e racismo cometidos contra a prefeita.
“A violência política de gênero é toda ação, conduta ou omissão que visa impedir, dificultar ou restringir os direitos políticos das mulheres, atacando sua dignidade, liberdade e integridade física ou psicológica. Trata-se de uma grave violação dos direitos humanos e um atentado direto contra o Estado Democrático de Direito.”
A Procuradoria afirmou que as ameaças recebidas pela prefeita configuram não apenas crimes graves, mas também uma tentativa de intimidar e silenciar uma mulher que exerce legitimamente seu mandato eletivo.” Esse tipo de violência é inaceitável e exige a apuração rigorosa dos fatos, bem como a responsabilização dos autores.
“A Promulher se solidariza com a prefeita Nilda e reafirma seu compromisso com o enfrentamento à violência política de gênero e ao racismo, defendendo uma sociedade onde mulheres possam atuar na vida pública com liberdade, respeito e segurança”, declarou o texto.
