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Donald Trump faz conta de maluco para abrir guerra contra o mundo

A guerra comercial que Donald Trump abriu contra o mundo está baseada em tarifas falsas que os demais países cobrariam dos Estados Unidos

atualizado

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Presidente dos EUA, Donald Trump, fala durante um evento de anúncio comercial "Make America Wealthy Again" no Rose Garden na The White House --Metrópoles
1 de 1 Presidente dos EUA, Donald Trump, fala durante um evento de anúncio comercial "Make America Wealthy Again" no Rose Garden na The White House --Metrópoles - Foto: Chip Somodevilla/Getty Images

A guerra comercial que Donald Trump abriu contra o mundo está baseada em tarifas de importação falsas que os demais países cobrariam dos Estados Unidos.

As tarifas de importação falsas foram obtidas por uma conta de chapeleiro louco, como demonstra o jornalista americano James Surowiecki, editor da Yale Review e colaborador em The Atlantic e New Yorker.

Aquelas porcentagens que o presidente americano exibiu no tabelão do anúncio de ontem, no jardim da Casa Branca, são  resultado da divisão do valor do déficit que os Estados Unidos têm na balança comercial com um determinado país pelo valor total dos produtos que os americanos importam dele.

Pegue-se o exemplo da China. Donald Trump acusou os chineses de cobrar tarifas de 67% sobre produtos americanos. Para chegar a esse número, ele dividiu US$ 291 bilhões, o déficit dos Estados Unidos com a China, por US$ 434 bilhões, o montante das importações de mercadorias chinesas. O resultado dá 0,67 ou 67%.

Como diz ser bonzinho, Donald Trump dividiu os inexistentes 67% por 2 e anunciou que a cobrança de 34% da China, como “tarifa recíproca”.

Outro exemplo: Indonésia. O déficit de US$ 18 bilhões foi dividido pelo total de US$ 28 bilhões para chegar à fantasiosa porcentagem de 64%, que dividida por 2, dá os 32% que os americanos aram a cobrar dos produtos indonésios.

Ele fez o mesmo cálculo insano com outros países asiáticos e a União Europeia. As exceções foram aqueles com os quais os Estados Unidos têm déficit de menos de 10% ou mantêm superávit, caso do Brasil, dos quais serão cobrados agora o mínimo de 10% a mais de tarifas.

A loucura com método é tão maior porque, para chegar a essas taxas mentirosas, Donald Trump e o seu bando de malucos levaram em conta apenas a importação de bens. “Ou seja, mesmo que tenhamos um superávit comercial em serviços com o mundo, essas exportações não contam para Trump”, escreveu James Surowiecki.

O bom senso exige que a reciprocidade tarifária seja estabelecida em relação a produtos do mesmo setor. Se você cobra 10% de tarifa para importar o meu whisky, eu cobro 10% pela importar o seu vinho; se você cobra 20% para importar o meu queijo, eu cobro o mesmo para importar o seu iogurte. Determinar um percentual único para tudo, sem levar em conta os volumes das compras, a diversidade produtiva e os seus diferentes degraus tarifários, está no terreno da mais completa irracionalidade, à qual se soma, no caso, o desvario do próprio cálculo que o produziu.

A reciprocidade tarifária também precisaria levar em conta, em separado, o conjunto da obra de cada parceiro comercial. Fazer o que o presidente americano fez é como punir a classe inteira, o mundo, pela bagunça da turma do fundão, a China, e de modo desproporcional, desmesurado.

Na cabecinha doente de Donald Trump, qualquer déficit comercial que os Estados Unidos tenham com qualquer nação do planeta é um problema. Não é. Um país como os Estados Unidos não funciona como simples armazém de secos e molhados.

Déficits comerciais podem ser inescapáveis para manter a inflação baixa, comprar insumos essenciais a cadeias produtivas, evitar recessões, satisfazer expectativas legítimas de consumo, financiar o déficit público capitalizando estrangeiros que compram títulos da sua dívida e atender a interesses geopolíticos. São parte de uma engrenagem político-econômica bem mais complexa do que um forno de padeiro — e da qual os Estados Unidos são grandes beneficiários, não vítimas.

Em menos de 100 dias de mandato, Donald Trump abalou os pilares da aliança de defesa atlântica, detonou o livre-comércio mundial, afundou bolsas e jogou nós todos na incerteza, inclusive os americanos que ele afirma histericamente querer defender. Esqueceu-se, se é que um dia soube, do que escreveu um dos pais fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin: “Nenhuma nação jamais foi arruinada pelo comércio”. Nenhuma nação também jamais foi derrotada por amigos, mas por inimigos.

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