Moda resgata o punk e a contracultura em antítese ao conservadorismo
Grifes como Dior e Comme Des Garçons levam às arelas elementos amórficos e estéticas punk como o moicano e os medievais poulaines
atualizado
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Sempre andando lado a lado, a moda e a política refletem uma à outra constantemente, com influências mútuas e impactos imediatos. Em um cenário global marcado pela ascensão do conservadorismo, a moda resgata, nas arelas, elementos de rebeldia e transgressão, e a estética punk do século ado é explorada como forma de contracultura na indústria.

O movimento punk teve sua origem no Reino Unido, nos primeiros anos da década de 1970. Sua ideologia de ruptura de normas não se deteve ao comportamento e atingiu outras esferas, como a música e a moda. Mais de meio século depois, enquanto o conservadorismo ganha espaço na política, o punk ressurge com força nos desfiles das principais semanas de moda.
Marcas como Dior e Comme Des Garçons têm explorado silhuetas desconstruídas e evocado o espírito rebelde, com o afastamento da sofisticação tradicional. O couro, o moicano, o estilo destroyed — cheio de retalhos — voltam a marcar presença, mas agora revisitados sob uma ótica contemporânea e luxuosa.




Poulaines e o calçado punk
Uma das provas do resgate da contracultura na moda é o o retorno dos poulaines, calçados de bico extremamente alongado e, muitas vezes, contorcido para cima, que tiveram seu auge na Idade Média. Originalmente considerados um símbolo de virilidade devido ao formato de origem fálica, os poulaines voltam às arelas como uma provocação à rigidez dos códigos de vestimenta atuais.
O principal exemplo visto recentemente do item foi na arela da Marc Jacobs, em que o calçado milenar ganhou espaço mais uma vez. Já a Comme Des Garçons fez sua reinterpretação, aplicando a ponta elevada nos coturnos, em mais uma referência ao mundo — e à ideologia — punk.






A moda é uma forma de expressão não apenas de quem a usa, mas também de quem a cria. Politicamente, ela é reflexo da mente e do comportamento da sociedade, e pode agir como forma de confronto a situações do presente. Hoje, grifes encontram o resgate do punk como ferramenta para revelar, por meio da estética, o desejo de mudança, a contracultura de um cenário incerto ideologicamente.