Efeito da pandemia: grife norte-americana Cushnie encerra as atividades
A marca fechou as portas após 12 anos de mercado e marcou presença como um negócio comandando por uma mulher negra
atualizado
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A Cushnie, grife norte-americana cofundada pela estilista Carly Cushnie, fechou as portas definitivamente na última quinta-feira (29/10), após 12 anos atuando no mercado. O motivo para o encerramento das atividades, conforme ela explicou ao jornal The New York Times, foi a perda de receita durante a pandemia de Covid-19 e o cenário difícil do varejo. Segundo a designer, “a marca simplesmente não seria capaz de se recuperar. Simplesmente não era possível, com a receita perdida, tentar gerar vendas suficientes para manter o negócio funcionando”.
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Encerramento das atividades
O encerramento da grife foi comunicado aos clientes em uma carta aberta, publicada nas redes sociais na manhã de quinta-feira (29/10). As dificuldades surgiram com o fechamento temporário do varejo, afinal, a marca era vendida em grandes redes de departamento, que também foram afetadas pela pandemia. Além de ter fechado as lojas físicas, pedidos feitos pelos lojistas foram reduzidos, cancelados ou devolvidos.
A pegada dos produtos também foi um fator importante. Especializada roupas para festa, a empresa sofreu por não se adaptar à demanda de peças confortáveis para ficar em casa, predominante no período de isolamento social. Os investidores da marca queriam que a estilista esperasse até o resultado das eleições ou o Ano-Novo para decidir se encerraria as atividades da grife. Para ela, no entanto, a opção seria inviável. “Infelizmente, eu não tive esse tempo”, afirmou Cushnie, de 36 anos.
Fundada em 2008, a label era uma das mais bem-sucedidas marcas comandadas por pessoas negras na moda norte-americana. A princípio, Carly Cushnie dividia a direção criativa da grife com a cofundadora Michelle Ochs. Durante 10 anos, ela se chamava Cushnie et Ochs. Porém, a colega deixou a marca em 2018, junto com o presidente-executivo. Carly, então, encurtou o nome da empresa e ou a ser, além de diretora criativa, CEO.
Durante a primavera, a estilista que dá nome à marca já havia sinalizado ao NYT que ava por dificuldades, e não estava sequer pensando no que faria em setembro, mês em que ocorrem os desfiles femininos de primavera/verão da Semana de Moda de Nova York. O jornal destaca outro fator que pode ter contribuído para o encerramento da marca: uma dívida de US$ 380 mil, resultado de um processo movido em junho por Michele Ochs. A ex-sócia alegou que não recebeu sua parte de um acordo.





Estilo da marca
Com sua pegada sexy sem esforço, a Cushnie conquistou clientes como Jennifer Lopez, Michelle Obama, Selena Gomez e Beyoncé ao longo de seus mais de 10 anos de história. A marca é especializada em vestidos sensuais e minimalistas, com silhueta marcada, tecidos sedosos e detalhes assimétricos, como fendas e alças. Além do prêt-à-porter para festas, se destaca no segmento de moda noiva.
Pelo Instagram, Carly Cushnie agradeceu pelo apoio que recebeu das clientes após anunciar o fechamento. “Significa muito para mim que minha marca tenha tocado e inspirado vocês. Este momento foi uma montanha-russa de emoções para mim e eu não poderia estar mais grata pelo seu apoio. Obrigado por estar nesta jornada comigo”, escreveu. Ela também agradeceu à equipe, aos colaboradores, editores, varejistas e fabricantes.
Em maio, a marca lançou uma coleção de peças íveis com a Target. De acordo com o WWD, fontes estimam que a marca gerou US$ 10 milhões em negócio. A coleção de pre-fall foi a última produzida e entregue.





Membro do CFDA
Em 2019, Carly Cushnie se tornou membro do Conselho istrativo do Conselho de Designers de Moda da América (Council of Fashion Designers of America, CFDA) junto com mais dois estilistas negros: Virgil Abloh (Off-White e setor masculino da Louis Vuitton) e Kerby Jean-Raymond (Pyer Moss). Cushnie tem ascendência jamaicana e nasceu em Londres. Ela se formou pela Parsons School of Design, onde conheceu Michelle Ochs.
Colaborou Hebert Madeira