Como a nomeação de Gleisi no governo pode ser boa para Haddad
Na avaliação de uma ala do governo e da Câmara, Lula pode estar “ajudando” Fernando Haddad ao nomear Gleisi como ministra do governo
atualizado
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A nomeação de Gleisi Hoffmann como ministra da articulação política do governo Lula não será, necessariamente, ruim para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na avaliação de outros ministros do governo e da cúpula da Câmara dos Deputados, Lula pode estar “ajudando” Haddad com a nomeação de Gleisi para um ministério.
O argumento é de que, ao tirar Gleisi da presidência do PT e transferi-la para o governo, Lula obrigará a petista a moderar suas críticas públicas ao chefe da equipe econômica.
Essa avaliação foi exposta pelo ministro da Fazenda, Rui Costa, em entrevista à coluna no dia 20 de fevereiro. Ou seja, antes do anúncio da escolha de Gleisi para a articulação política.
“Quando ela vier a ser ministra, é recomendável que quem é ministro emita as suas opiniões nos ambientes de debates que o presidente, inclusive, faculta. (…) Então, eu diria o contrário do que você está dizendo. Ao trazer a Gleisi, alguém poderia dizer: ‘Olha, ele está querendo proteger o Haddad, porque aí não terá mais uma voz pública para questioná-lo. E não inverso’”, declarou o ministro da Casa Civil.
A avaliação de Rui Costa, segundo apurou a coluna, é compartilhada pelo atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e por alguns líderes do chamado Centrão.
Nos bastidores, caciques da Câmara avaliam que, com a ida de Gleisi para o governo, Lula também ajuda a moderar as críticas do próprio PT ao atual chefe da equipe econômica.
Como vem noticiando a coluna, Lula articulou para que Gleisi seja substituída na presidência do PT pelo ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, que é aliado de Haddad e tem perfil moderado.
Agenda de Hugo Motta e Haddad
Nos bastidores, integrantes da cúpula da Câmara ressaltam ainda que a agenda do novo presidente da Câmara está mais alinhada à agenda de Haddad do que à de Gleisi.
Nesse cenário, líderes do Centrão avaliam a futura ministra da articulação política já “entra perdendo” para Haddad na relação com o Congresso, o que a forçará a se ajustar.