PL das Fake News é teste para Lira sem emendas de relator; análise
Adiamento da votação do PL das Fake News impediu derrota do governo, mas também do presidente da Câmara
atualizado
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Nesta terça-feira (2/5), não havia certezas sobre como terminaria a noite na Câmara dos Deputados, onde estava prevista a votação do PL das Fake News.
Pesava a forte pressão de bolsonaristas e das “big techs” contra o projeto, mas também a reclamação generalizada de que, até agora, o governo não desembolsou verbas nos ministérios para pagar o apoio de deputados.
Uma possível derrota do governo — postergada agora pelo adiamento da votação do projeto — não causaria a menor surpresa.
O envolvimento do governo era citado, inclusive, como um fator que atrapalhava a aprovação do texto, já que gerou uma reação ainda mais forte de bolsonaristas nas redes contra os deputados.
Outro teste de força, na verdade, intrigava as lideranças do Congresso: o de Arthur Lira, presidente da Câmara, que fechou acordo para votar o texto e ou o dia cobrando líderes para garantirem votos nas bancadas.
Nos últimos anos, Lira nunca se empenhou dessa forma por um projeto para depois perder na votação. Ele pauta matérias em que pode ganhar.
O questionamento que pairava na Câmara era se, após o fim do orçamento secreto que era controlado por Lira, esse poder quase infalível se mantém.
O “baixo clero”, altamente dependente dessas emendas que agora não existem mais, poderia — ou não — se insurgir contra o presidente da Câmara. Os deputados devem menos a Lira do que antes.
Até o adiamento da votação, líderes eram encurralados nos corredores pelos deputados, que perguntavam se o projeto seria votado e se teria chances de ar. Nenhum deles sabia responder.
A resposta veio na retirada do projeto de pauta. Lira não teve força para garantir a aprovação do texto nesta terça-feira, pelo menos não em sua formulação atual.
Com uma manobra em que o relator da matéria, Orlando Silva, pediu a retirada de pauta, o teste final de Lira foi adiado — mas ficou demonstrado que não é apenas o governo que está com dificuldades em garantir votos.