“Não era para ter diálogo antes”, diz governador do RJ sobre ocupações
Dois dias após ocupação no Jacarezinho, moradores relataram tiroteios e toques de recolher ordenados pela PM
atualizado
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Diante das críticas de não ter ouvido os moradores das comunidades ocupadas nesta semana por agentes de segurança do estado, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse que a ocupação não se faz com diálogo.
“Eu nunca vi ter diálogo antes de ocupar. Não era mesmo para ter diálogo, eu entendo a crítica, mas não concordo”, afirmou o governador.
Nesta quarta-feira (19/1), as comunidades do Jacarezinho, onde ocorreu a maior chacina do Rio de Janeiro, e a Muzema, dominada por milicianos, foram tomadas por agentes de segurança do estado.
Castro defendeu que o diálogo não deveria ser feito com a comunidade porque a polícia entrou, em um primeiro momento, para mostrar sua presença e prevenir conflitos. Nesta sexta-feira (21/1), dois dias depois de policiais tomarem as ruas do Jacarezinho, moradores relataram tiroteios na favela e toques de recolher ordenados pela Polícia Militar.
“A polícia entra para fazer o papel dela”, disse o governador.
A escolha de ocupação do Jacarezinho, segundo Castro, foi motivada pela chacina que ocorreu na favela em maio de 2021. A chacina foi resultado da operação policial mais letal do estado. Foram 27 mortos.
“A escolha do Jacarezinho foi unânime, depois de tudo que aconteceu, tinha que ter uma intervenção ali. Não podíamos fechar os olhos para tudo que aconteceu”, afirmou Castro.
O governador disse também que a ocupação das forças de segurança era um “clamor da comunidade” e que a “retomada de poder” tinha sido “sem confronto e violência”.
Tentando afastar o Cidade Integrada de qualquer comparação com as UPPs de Sérgio Cabral, Castro disso que o programa não é de “pacificação”, mas de “retomada de poder”. Afirmou também que não se trata de um programa de segurança pública, e sim de projetos sociais, contudo, não soube dizer em quanto tempo os projetos sociais começarão a funcionar nas comunidades.
Conforme revelado pela coluna, um ofício interno da Secretaria de Estado de Polícia Militar estima que a pacificação dure 3 meses ou mais, e só então os programas sociais irão começar.
“É um processo de ocupação e pacificação do território que posteriormente dará agem a demais serviços públicos que serão ofertados à população local visando ao aumento de oportunidades”, informa o documento da PM.
As operações no Jacarezinho e em Muzema marcaram o início do programa Cidade Integrada, do governo do estado.
O programa, segundo Castro, era para ter sido implementado no segundo semestre de 2021, mas começou em 2022, ano eleitoral. O Cidade Integrada ocupará seis favelas do Rio de Janeiro. Além de Jacarezinho, estão na lista: Muzema, Cesarão, Maré, Rio das Pedras e Cantagalo. O projeto promete levar, além das forças de segurança do estado, iniciativas sociais para dentro de comunidades.