Deputados do PT pedem emendas do orçamento secreto para 2022
Criticadas por Lula, emendas de relator são usadas por Bolsonaro para obter apoio no Congresso; dados ainda estão sob sigilo
atualizado
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Dois deputados do PT fizeram pedidos de emendas de relator, que integram o orçamento secreto. As solicitações formais aconteceram nas últimas três semanas. Carlos Veras, do PT de Pernambuco, pediu R$ 3,1 milhões em sete emendas. Já a Professora Rosa Neide, do PT de Mato Grosso, registrou dez solicitações, que totalizam R$ 11,5 milhões. Usado em quantidade recorde no governo Bolsonaro, o orçamento secreto é criticado pelo ex-presidente Lula.
As emendas de relator ficaram conhecidas como orçamento secreto, porque até 2021 não era possível saber qual parlamentar indicou a utilização dos recursos, nem a justificativa para essa destinação. A mudança aconteceu por ordem do STF. Essa modalidade sem transparência explodiu durante o governo Bolsonaro, com vistas a comprar apoio de políticos do Centrão.
No fim do ano ado, Lula afirmou que não governaria com o orçamento secreto em um eventual governo. O petista buscaria apoio político da maneira tradicional: espaço no governo e emendas individuais. A avaliação foi feita em um encontro com a ex-presidente Dilma Rousseff.
Esse tipo de ree, ao contrário das emendas individuais, não tem execução obrigatória. As emendas de relator dependem do aval do governo federal, que tem a chave do cofre. Já a inclusão dela no Orçamento está sujeita ao relator do orçamento e, por consequência, ao presidente da Câmara.
Apesar da decisão do STF, essas emendas ainda têm informações mantidas sob sigilo. Na semana ada, o Congresso informou ao Supremo que não havia reunido todos os dados sobre as emendas em 2020 e 2021. A manifestação do Congresso aconteceu fora do prazo fixado pelo tribunal.
Procurado, o deputado Carlos Veras disse que “não existe mais orçamento secreto”, alegando que, após a decisão do Supremo, a solicitação dessas emendas ou a ser “transparente e de livre o”. “Essa é uma vitória da oposição, e visa a impedir o direcionamento sem critérios, e de forma oculta, de recursos para atender à base do governo”, afirmou, completando que jamais esconderia a autoria do pedido.
A Professora Rosa Neide afirmou que o sistema criado pelo Congresso para cadastrar emendas deu transparência para o processo. Neide ressaltou ainda que fez “apenas um cadastro de solicitação. Neste sistema, qualquer cidadão brasileiro pode cadastrar uma solicitação”, pontuou.