Interrogatórios sobre golpe serão teste para delação de Mauro Cid
Mauro Cid será questionado pela primeira vez em sessão que terá a presença do ex-chefe Jair Bolsonaro (PL) de outros denunciados
atualizado
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As defesas dos réus denunciados pela trama golpista terão como um dos principais alvos nesta semana de interrogatórios a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid.
Os interrogatórios começam na tarde desta segunda-feira (9/6), no Supremo Tribunal Federal.
Cid, até 2022 fiel escudeiro de Bolsonaro, foi o responsável por conduzir a Polícia Federal na investigação que resultou na denúncia contra o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.
Primeiro a partir da quebra do seu sigilo telemático e, depois, quando a PF já havia amealhado indícios contra seu ex-chefe, por meio do seu acordo de colaboração premiada.
As idas e vindas do delator, no entanto, têm sido esmiuçadas pelas defesas que analisaram os vídeos dos depoimentos, bem como o que foi reado para o papel pela Polícia Federal.
A expectativa é tentar mostrar o acordo como frágil e guiado pela pressão sob Cid, que, entre 2023 e 2024, viu sua vida e de familiares devassada por várias frentes de investigações da PF conduzidas sob relatoria de Alexandre de Moraes.
Ao longo da apuração, o militar prestou nove depoimentos no âmbito do acordo firmado com a PF. Embora em alguns casos, como o da joias, tenha sido objetivo, ao falar sobre a trama golpista após a derrota na eleição de 2022, Cid demonstrava incômodo e evitou dar todos os detalhes até ser ameaçado de prisão por Moraes em uma audiência.

Após ter conversas em que apontava para uma suposta pressão noticiadas pela Veja, Cid se viu sem opção, entregou o general Braga Netto e deu mais detalhes sobre os bastidores da investida golpista.
Os fatos apontados por Cid ao longo da delação foram depois confirmados por outros depoimentos, como o de comandantes das Forças Armadas, e informações coletadas pela PF durante a investigação.
O acordo, no entanto, é visto como o alicerce da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República. Caso derrubado, poderia abalar a tese defendida contra Bolsonaro e seus aliados.
Como ficou claro no julgamento da denúncia, apenas o ministro Luiz Fux sinalizou ter alguma dúvida sobre a delação. Mas, mesmo no cenário desfavorável, as defesas enxergam esperança no sucesso da investida contra Cid e sua delação.