Seca no DF: fumaças das queimadas prejudicam a saúde respiratória?
Médico explica os efeitos da poluição ao sistema respiratório e quais cuidados podemos tomar para evitar danos ao organismo
atualizado
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Brasília completa 105 dias sem chuva nesta terça-feira (6/8). Para alguns moradores, a sensação do clima seco já é rotineira. Porém, muitas pessoas ainda sentem os efeitos da baixa umidade, o que inclui ressecamento da pele e rinite.
É nesta fase do ano que o número de focos de incêndio no DF disparou. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registraram um aumento de 94%, comparado ao ano ado, saindo de 39 para 76 focos.
O levantamento via satélite apontou que 2024 tem o maior número de focos de incêndio em oito anos, desde 2017.
Riscos para a saúde
De acordo com o otorrinolaringologista do Hospital Santa Marta André Neri, as queimadas estão entre as principais causas do aumento de poluentes no ar. “Respirar o dióxido de carbono, enxofre e várias outras substâncias que estão nesse ar carregado atrapalha a limpeza do nosso sistema respiratório”, afirma.
O médico explica que, consequentemente, as células presentes no sistema respiratório acabam não trabalhando bem. “São células que possuem cílios e que precisam se mover, a fim de limpar as substâncias que estão no sistema respiratório e expeli-las”, prossegue.
“As pessoas acabam tendo muita tosse, cansaço e obstrução nasal. Isso acontece porque o sistema respiratório está em comprometimento, devido aos metais pesados e/ou às substâncias que podem inflamá-lo”, pontua André.
Os sintomas mais comuns, segundo o especialista, são: tosses, espirros, cansaços, dores de cabeça, pele seca, distúrbios de sono e até confusão mental.
Para minimizar esses efeitos, o médico recomenda aumentar a hidratação, evitar exercícios físicos perto do meio-dia, usar protetor labial, aplicar colírios hidratantes nos olhos e ar cremes na pele. Os cuidados precisam ser reforçados em crianças a idosos.
Fumaça de incêndios pode aumentar risco de demência, diz estudo nos EUA
Um estudo recente feito nos Estados Unidos descobriu que a fumaça oriunda dos incêndios florestais pode ser pior para a saúde do cérebro do que outros tipos de poluição do ar e, até mesmo, aumentar o risco de demência.
As descobertas foram divulgadas na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, na Filadélfia, depois de milhões de pessoas receberem alertas de qualidade do ar, nas últimas semanas, devido aos incêndios florestais no oeste do país.

Além de causar ou piorar doenças cardíacas e pulmonares, a poluição do trânsito, das fábricas e dos incêndios pode desempenhar algum papel no surgimento de quadros de demência, conforme acrescenta a pesquisa.
Os estudiosos monitoraram registros de saúde de 1,2 milhão de idosos no sul da Califórnia entre 2009 e 2019, inspecionando a qualidade do ar e outros dados para estimar a exposição residencial ao PM 2,5 (partículas minúsculas cerca de 30 vezes menores que o diâmetro de um fio de cabelo humano que podem ser inaladas profundamente nos pulmões e se moverem para a corrente sanguínea) ao longo de três anos, em virtude da fumaça de incêndios florestais ou outras causas.
De acordo com a descoberta, as chances de um novo diagnóstico de demência aumentaram cerca de 21% para cada aumento de 1 micrograma na concentração de partículas de incêndio florestal.
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