Oscar: especialista fala sobre categorias sem gêneros nas premiações
Categorias sem gênero em premiações, como o Oscar, podem aumentar a diversidade e a igualdade? Descubra
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Durante a etapa de premiações, surgem diversas discussões sobre as indicações e sobre as categorias, principalmente em relação a gênero. Enquanto algumas delas, como Brit Awards, Grammy e VMA não separam homens e mulheres, algumas ainda contam com essa divisão, a exemplo do Oscar e do Globo de Ouro.
De acordo com a professora do curso de cinema e audiovisual da UnB Rose May Carneiro, a separação por gênero surgiu, principalmente, para garantir visibilidade e reconhecimento às mulheres em um setor historicamente dominado por homens. “Durante décadas, as produções cinematográficas priorizaram histórias e personagens masculinos, dificultando a ascensão de atrizes e diretoras”, destaca.
Apesar de o machismo ainda estar muito presente na indústria cultural, atualmente há questionamentos se a divisão de gênero oferece mais oportunidades e visibilidade ou atenuam estereótipos. Essa questão surge principalmente pela falta de inclusão do sexo feminino em prêmios sem gênero, que guardam um histórico de privilegiarem homens héteros.
“Por um lado, garantiu maior presença feminina em premiações, permitindo que o talento de mulheres fosse reconhecido. Por outro, reforça a ideia de que homens e mulheres atuam de maneira distinta, como se houvesse diferenças inatas na performance ou na direção cinematográfica, por exemplo”, ressalta Rose May Carneiro.

O Brit Awards adotou o modelo sem gênero e, este ano, surpreendeu positivamente pela grande quantidade de mulheres indicadas, o que nem sempre foi a realidade. A premiação tirou a divisão por sexo das categorias em 2022 e, em 2023, não teve nenhuma artista feminina indicada para Artista do Ano, o que gerou uma enxurrada de críticas.
O Oscar ainda divide as categorias de atuação entre Melhor atriz e Melhor Ator. No entanto, algumas não são separadas e têm raros casos de mulheres que romperam barreiras.
A professora Rose May destaca três mulheres que conquistaram o Oscar de Melhor Direção. A primeira, Kathryn Bigelow, venceu por Guerra ao Terror, em 2010. Mais de uma década depois, em 2021, Chloé Zhao levou a categoria por Nomadland. Em seguida, Jane Campion ganhou o prêmio por Ataque dos Cães, em 2022.
Diversidade de gênero
Mesmo com essas questões, separar os indicados com base no gênero e excluir pessoas não-binárias se torna cada vez mais inaceitável na sociedade contemporânea. “Em um momento em que identidades de gênero são cada vez mais compreendidas de maneira fluida e diversa, as premiações enfrentam o desafio de se adaptar”, emenda a professora Rose May.
Algumas pessoas, por sua vez, manifestaram a preferência de competir em categorias neutras, como Emma Corrin e Bella Ramsey.
Apesar de não ser não-binário, Yance Ford representa um avanço na inclusão de diferentes identidades de gênero por ter sido o primeiro homem trans indicado ao Oscar, na categoria de Melhor Documentário por Strong Island, em 2018.
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