Mariana Palma desembarca em Brasília para abertura de exposição
Artista paulista apresentou a exposição A Invenção do Visível na Cerrado Cultural. Na ocasião, Genor Sales também lançou mostra individual
atualizado
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A conceituada artista Mariana Palma desembarcou em Brasília, no último sábado (24/5), para a inauguração de sua mostra individual, intitulada A Invenção do Visível. Na ocasião, também foi apresentada a exposição O Tempo é Rei, de Genor Sales. Ambas permanecerão na galeria Cerrado Cultural, no Lago Sul, até o dia 9 de agosto.
Composto por aproximadamente 30 obras, o projeto de Mariana Palma é apresentado em diferentes linguagens, como pintura, aquarela, fotografia, desenho, bordados e uma instalação feita com tecido translúcido. Segundo ela, a ideia, para este primeiro momento na capital, é trazer um “panorama bem amplo” de seu trabalho, para que o público local conheça seu repertório e trajetória.
“Está sendo muito rico ver como cada pessoa aqui acaba escolhendo sua obra favorita, independentemente da mídia, o que eu acho que reforça um sentimento que é muito satisfatório para o artista, o de pensar que acabamos criando pequenos mundos, pequenos universos de obra, seja qual for a expressão. Todos eles criam conexão com o público”, afirma a autora de A Invenção do Visível à coluna Claudia Meireles.
Mariana conta, também, que ao conhecer a galeria, já tinha uma ideia do que iria expor. Quando chegou ao local e se deparou com a icônica escada da Cerrado Cultural, porém, se viu diante da certeza de que a instalações de tecidos azuis ocuparia exatamente aquele espaço.
“Essa casa tem uma estrutura mais tradicional, de linhas retas, com essa piscina extremamente geométrica. Mas aí tem uma escada que é o feminino da casa, a organicidade da casa, uma escada meio espiralada que desce. Caminhar nessa escada é um movimento gostoso, um movimento. Falei: ‘quero aproveitar esse movimento circular e convidar o público a caminhar mais. A ideia da instalação foi cobrir a entrada da galeria de tal forma que você não entre reto. Você é obrigado a fazer um caminho sinuoso para ar a exposição, lembrando um pouco desse movimento que está ali no centro da casa, que é a escada”, descreve.
O Tempo é Rei, de Genor Sales
Resultado de uma residência no Sertão Negro, projeto de Dalton Paula, a primeira mostra individual de Genor Sales consiste em um recorte de uma produção de mais de dois anos. A exposição ocorre, também, em detrimento de uma pesquisa intitulada Peixe Fora D’água, em que ele aborda questões sociais, raciais e alimentares, a partir do resgate de memórias, de álbuns de fotografias e de histórias contadas por seus familiares.
“Eu resgato o ambiente em que cresci, em Goiânia, que era um ambiente muito urbano, com pouco contato com a natureza. Tento fabular a parte da aquarela e esse lugar, começando a construir uma poética, em que eu transformo a cidade em um rio e a rua numa fluente. E eu sou esse peixe que nada no asfalto procurando esse lugar”, diz ele.
Sales enfatiza que sempre irá retratar essas questões em seus trabalhos de forma mais afetiva, de maneira meticulosa, a partir da aquarela. “Minha casa é um elemento muito forte para mim. É onde eu sinto segurança até hoje. Então eu falo desse tempo da casa e da família a partir do momento em que nós saímos dela e o quanto a cidade nos suga com esse tempo acelerado, na busca pelo sucesso e do bem-viver”, compartilha o artista.
“Enquanto você vai para outro lugar que não é tão urbano, esse tempo é outro, é menos acelerado. A minha aquarela é muito meticulosa e questiona esse tempo. A minha produção é mais detalhada, mais delicada, e exige mais tempo para ser feita”, fala Sales.
Arte unificada em todo o Brasil
De acordo com Lucio Albuquerque, sócio da Cerrado Cultural, as exposições concretizam a parceria com Almeida & Dale Galeria de Arte, de São Paulo, depois da aquisição da galeria Millan. Para ele, Mariana Palma era um dos nomes artísticos da capital paulista dos quais eles mais gostariam de trazer. “Esse convite foi aceito muito rapidamente. Estamos muito felizes em recebê-la aqui. E, em contrapartida, nós levaremos o Genor Sales para expor lá em janeiro do ano que vem”, conta.
Antônio Almeida, também à frente da Cerrado Cultural — e sócio fundador da Almeida & Dale Galeria de Arte, em São Paulo —, salienta que pretende nacionalizar a arte brasileira. “Nos estados em que nós não estamos como sociedade, a exemplo de Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e Recife, estamos como parceiros, como no Ceará, na Bahia, no Maranhão e em Curitiba. Estamos tentando fazer com que o artista possa vender em todos os estados com a mesma força que há em São Paulo”, pontua.
Sobre os artistas
Mariana Palma é graduada em Artes Plásticas pela FAAP (2001) e já realizou exposições individuais em instituições como Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), Palácio das Artes (Belo Horizonte) e Teatro Municipal Casa da Ópera (Ouro Preto). Ela desenvolve seu trabalho principalmente em pintura, aquarela e fotografia, explorando cores intensas e elementos da natureza com soluções técnicas diversas.
O universo visual da artista cria experiências imersivas e sensoriais, abarcando a natureza, texturas, transparências. Sua obra integra coleções como as do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu Oscar Niemeyer, Instituto Itaú Cultural, Institute of Contemporary Art (Miami), entre outras.
Genor Sales é graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás e pertence ao grupo conectado à Associação Jatobá Nascente e ao Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. Ele começou a ganhar destaque em 2022 ao participar da Pemba Residência Preta, promovida pela exposição Dos Brasis realizada pelo Sesc Brasil, e tem se firmado em 2024, integrando mostras coletivas dedicadas a evidenciar a nova geração goiana.
Ganhador do Prêmio Estímulo da Fargo (2024) e indicado ao Prêmio PIPA 2025, Sales fala da cor de sua origem desenvolvendo uma produção compromissada com a vivência na periferia. Ele também desenvolve sua pesquisa utilizando a subjetividade do peixe fora d’água para discutir problemas sociais, raciais e alimentares.
Assista ao vídeo do evento de abertura das exposições de Mariana Palma e Genor Sales:
Confira as fotos de Pedro Iff:









































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