O que aconteceria se todos os insetos sumissem do planeta?

Muita gente adoraria um mundo sem mosquitos, baratas e formigas. Mas você sabe o que realmente aconteceria se todos os insetos sumissem do planeta?

A resposta não é nada animadora. De acordo com os especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o colapso dos ecossistemas seria quase imediato, impactando a produção de alimentos, a sobrevivência de diversas espécies e até a economia global.

Os insetos desempenham funções essenciais na natureza, como a polinização de plantas, decomposição de matéria orgânica e controle de pragas.

“A extinção dos insetos teria um impacto devastador: eles são fundamentais para o equilíbrio ecológico”, alerta a professora de Ciências Biológicas Emanuele Abreu, do Colégio Católica de Brasília.

Escassez de alimentos

Um dos primeiros impactos da extinção dos insetos seria sentido na produção de alimentos: muitas culturas agrícolas dependem diretamente da polinização feita por esses animais. “Sem os insetos polinizadores, muitas plantas não conseguiriam produzir frutos ou sementes, o que levaria a uma grande queda na produção de alimentos, resultando em escassez e aumento dos preços”, explica a professora.

O professor de Biologia Rodrigo Borges, do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília, destaca que culturas como café, maçã, morango e melancia seriam duramente impactadas.

“Nos Estados Unidos, por exemplo, a produção de amêndoas depende quase 100% da polinização de abelhas do gênero Apis. No Brasil, a soja e o feijão também teriam sua produtividade reduzida drasticamente”, pontua.

O efeito cascata na cadeia alimentar e decomposição

Além das plantas, diversos animais que se alimentam de insetos entrariam em declínio populacional. “Aves insetívoras, como os papa-moscas, e anfíbios que dependem diretamente desses organismos como fonte de alimento seriam os primeiros a desaparecer”, afirma Emanuele. No entanto, o impacto não se limitaria a esses animais.

O professor complementa que até mesmo grandes predadores sentiriam os efeitos do sumiço dos insetos. “Espécies como o sapo-cururu, que se alimentam quase exclusivamente de insetos, enfrentariam declínios populacionais rápidos. Isso geraria um desequilíbrio que chegaria até predadores de topo de cadeia, como onças e águias, pois suas presas também sofreriam redução populacional”, explica.

Outro problema seria a interrupção da decomposição da matéria orgânica. “Besouros e cupins têm papel essencial na reciclagem de nutrientes. Sem eles, o acúmulo de folhas e troncos mortos prejudicaria a ciclagem de nutrientes e afetaria a fertilidade do solo”, alerta Borges. Isso teria reflexos até em áreas agrícolas, reduzindo a produtividade de lavouras.

Outros animais poderiam substituir os insetos?

Em alguns casos, sim, mas de forma muito limitada. “Morcegos que se alimentam de néctar poderiam substituir parcialmente as abelhas na polinização de algumas plantas, assim como os beija-flores”, diz Rodrigo. No entanto, ele ressalta que esses animais não seriam capazes de suprir toda a demanda global.

No caso da decomposição, fungos e bactérias poderiam compensar a ausência dos insetos, mas fariam isso de maneira muito mais lenta, causando um acúmulo de matéria orgânica nos ecossistemas.

“A natureza precisaria de tempo para desenvolver novas adaptações evolutivas, mas o problema é que a humanidade poderia não sobreviver para ver essas mudanças acontecerem”, conclui o professor Borges.

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