Witzel: “Chefe da quadrilha é o presidente da Assembleia Legislativa”
Governador afastado do RJ também dispara, em entrevista à Veja, contra o presidente Jair Bolsonaro e governador em exercício, Cláudio Castro
atualizado
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Rio de Janeiro – Governador afastado do Rio de Janeiro por suspeita de corrupção, Wilson Witzel (PSC) disparou, em entrevista à revista Veja, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), a quem chamou de “o chefe da quadrilha”.
Na próxima sexta-feira (30/4) está marcada a sessão de julgamento do impeachment de Witzel no Tribunal Especial Misto, comandado pelo presidente do Tribunal de Justiça, Henrique Figueira.
“Quem estava organizando essa ação criminosa na área da Saúde não era eu, mas, na minha visão, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, o André Ceciliano (PT). Ele precisa ser investigado”, declarou Witzel. Segundo ele, Ceciliano estaria aliado ao ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, principal delator do esquema.
Em nota, Ceciliano alegou que Witzel “esperneia”. O petista também afirmou: “Entendo a mágoa que ele nutre contra mim, o que explica essas acusações sem prova, mas a verdade é que ele teve o destino que ele mesmo cavou, através das relações que alimentou, envolvendo até mesmo a esposa em seus desatinos”.
E completou: “Wilson Witzel será não apenas o primeiro governador cassado do Brasil. Ele será lembrado também como o mais biruta de toda a história, que mandou confeccionar uma faixa de governador por se sentir um imperador”. A mulher de Witzel, Helena, é acusada de participar do esquema de corrupção.
Witzel alegou complô contra ele no Palácio do Planalto. “Está em curso, por exemplo, uma chantagem institucional envolvendo o acordo do Regime de Recuperação Fiscal do Rio, que aguarda a do Paulo Guedes [ministro da Economia]. E ela só vai sair quando eu for cassado, um sinal claro de que o presidente Bolsonaro não me quer como governador”, afirmou.
E atacou Cláudio Castro, classificado como aliado de Bolsonaro. “Só posso dizer que nunca fui filmado com mochila nem em reunião não oficial”, declarou Witzel, fazendo menção a uma investigação na qual Castro é suspeito de ter recebido de um empresário propina de R$ 100 mil. Procurado pelo Metrópoles, o governador em exercício informou que não se pronunciará sobre a entrevista.
O governador afastado também chamou o Tribunal Especial Misto de “fantástico mundo de Bobby”, referindo-se ao desenho animado norte-americano no qual o personagem principal vive no mundo da imaginação. Witzel lembrou ainda que há suspeitas de corrupção envolvendo membros do tribunal com empresário de transportes. Procurada, a Corte não se manifestou.
Réu no STJ
Denunciado quatro vezes ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Wilson Witzel já se tornou réu em uma das ações. Ele foi acusado de ter recebido, em função de desvios na área da Saúde e por intermédio do escritório de advocacia da mulher, Helena Witzel, pelo menos R$ 554,2 mil em propina. O governador afastado nega. Ele argumenta que não deixou a magistratura para ser ladrão.