Veja vídeos e fotos de Leonardo divulgando loteamento irregular em MT
Cantor é alvo de ações na Justiça, ao lado de “parceiro” empresário, após suspeita de golpe em venda de lotes irregulares em Querência (MT)
atualizado
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O cantor sertanejo Leonardo é alvo de ações judiciais, ao lado do “amigo” empresário Aguinaldo José Anacleto, dono da empresa AGX Smart Life, por suspeita de divulgar e vender lotes irregulares em empreendimento imobiliário lançado em Querência (MT) em 2022. O artista goiano, no entanto, nega ser sócio dos negócios.
O artista, além de garoto-propaganda dos residenciais da empresa, esteve pessoalmente na cidade matogrossense para participar dos lançamentos, dando a entender, para a população local, que também seria investidor e parceiro dos empreendimentos.
Veja:
Um deles, no entanto, chamado Munique Smart Life e que é dividido em três etapas (Munique I, II e III), com cerca de 800 lotes, encontra-se parado, com documentação irregular, sem a devida quitação do terreno e é alvo de ação de reintegração de posse por parte dos antigos donos.
Apesar de tudo isso, centenas de lotes foram vendidos para moradores da região e os compradores, sentindo-se lesados e sem perspectiva de terem o tão sonhado lote em mãos, começaram a protocolar ações na Justiça contra o empreendimento, o empresário responsável e o cantor.
Em vídeo de divulgação do residencial Munique, publicado pela AGX nas redes sociais, que prometia entregar “o primeiro projeto de bairro cidade inteligente da região”, é dito ao final: “Em parceria com o cantor Leonardo”.
Veja:
A imagem do artista foi utilizada não só em vídeos, mas também em outdoors, a exemplo de um que chegou a ser instalado em frente ao loteamento Munique. Para os compradores de Querência, cidade agropecuária e de menos de 27 mil habitantes, a chancela do sertanejo foi crucial para que eles acreditassem na credibilidade do negócio.
Veja:
“Atuou de maneira deliberada e fraudulenta”
Em uma das ações judiciais contra o cantor, na parte em que se discorre sobre a responsabilidade dele na suspeita de fraude, a defesa de um casal que adquiriu lotes no empreendimento e que agora busca a rescisão do contrato e devolução do dinheiro, aponta o seguinte:
“É imperioso destacar que, no presente caso, a parte ré, um artista de notório reconhecimento de nome Emival Eterno Costa, mais conhecido pelo nome artístico Leonardo, atuou de maneira deliberada e fraudulenta, simulando ser sócio do empreendimento imobiliário em questão”, afirma o relatório da ação.
E continua: “Foram impressos diversos materiais em nome do cantor Leonardo, diversos vídeos e reportagens falando que ele iria dar início em mais um empreendimento/investimento, outdoors e até mesmo um stand de vendas com o nome “Talismã”, nome esse utilizado pelo artista em diversos empreendimentos e até mesmo em sua fazenda que é de conhecimento notório em todo o país devido a sua fama”.
Corretor anunciou Leonardo como “sócio” do residencial. Veja:
O que dizem Leonardo e Anacleto?
Em resposta ao Metrópoles, Leonardo informou, via assessoria de imprensa, que os advogados dele já estão sabendo do caso e tomando as providências cabíveis. O cantor alega que atuou, apenas, como garoto-propaganda do empreendimento da AGX, em Querência, assim como costuma anunciar em campanhas de empresas e produtos diversos. Ele afirma, ainda, que não é sócio e não tem participação no negócio.
Já a AGX, de Anacleto, alega que o projeto do residencial Munique Smart Life “não envolve a venda de lotes, mas sim a captação de investidores por meio de cotas dentro de uma Sociedade em Conta de Participação (S), estrutura jurídica devidamente regularizada e em conformidade com a legislação vigente”.
A empresa afirma, ainda, que “um pequeno grupo de investidores, incentivado por um advogado que criou uma associação irregular, ingressou com ações judiciais sem embasamento, distorcendo informações sobre o projeto”. Segundo a companhia, o empreendimento segue em desenvolvimento, apesar da paralisação nos últimos anos. “Eventuais questionamentos jurídicos estão sendo tratados no devido foro competente, com a plena convicção da regularidade dos procedimentos adotados”, aponta a AGX.
Em relação ao processo de reintegração de posse, movido pelos antigos donos do terreno, que alegam atraso no pagamento do valor acordado, a empresa diz que não há decisão judicial definitiva sobre o caso e contesta os argumentos do vendedor da área. Segundo a AGX, ele “fixou o pagamento em sacas de soja e não aceitou a variação do índice conforme determina a lei”.
“A negociação segue judicialmente, mas não há inadimplência reconhecida e a paralisação das obras decorre da inadimplência de investidores, incentivada por calúnias e desinformação”, alega a empresa.
Sobre a participação do cantor Leonardo, a AGX afirma que ele “não tem nenhuma vinculação ou responsabilidade contratual sobre a istração e execução dos empreendimentos em Querência”. O cantor, segundo a empresa, “firmou uma parceria de publicidade, cedendo o direito de uso de sua imagem. Ao firmar essa parceria, ele também apostou no empreendimento, acreditando em seu sucesso, mas não possui qualquer participação ou responsabilidade istrativa nos empreendimentos”.
A parceria com o artista, conforme a AGX, “envolveu o uso de sua imagem e, em contrapartida, a participação em cotas, nos mesmos moldes dos demais clientes”.