RJ: funcionário que denunciou vereador de SP por racismo é demitido
Presidente da Câmara de Embu das Artes, Renato Oliveira foi preso dentro de uma piscina. Ele responde por injúria racial e resistência
atualizado
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Rio de Janeiro – Depois de denunciar um vereador de São Paulo por racismo em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, o supervisor operacional Izac Gomes foi demitido do cargo. O funcionário denunciou o vereador de Embu das Artes, Renato Oliveira, por racismo.
“Eu sofri racismo em pleno domingo, no sol quente, dentro de uma piscina, enquanto estava trabalhando e 14 dias depois fui demitido covardemente, sem nem saber o motivo. Minha vida mudou, a vida da minha família mudou, a preocupação é constante”, disse Izac Gomes ao Metrópoles.
O supervisor trabalhou no condomínio do Estrelas Full Condominium, por quatro anos, sem qualquer advertência no período. Após demiti-lo, a empresa também retirou o apoio jurídico de Izac no caso sofrido por ele no horário de trabalho.
Ele acusa o Presidente da Câmara de Embu das Artes, Renato Oliveira, de racismo. O parlamentar que estava na área de lazer do condomínio, resistiu à ordem de prisão, e um policial militar precisou entrar na piscina para conseguir detê-lo.
“A síndica me chamou numa reunião sem pauta, gritou comigo, com outros funcionários, me enxotou para fora da sala e dois dias depois me demitiu. Não sei se o motivo foi influência do vereador, ou se ela não gostou de eu ter feito a denúncia. Só sei que fiquei sem advogado e sem emprego”, disse Izac.
Ajuda na Alerj
Como ficou sem apoio jurídico, ele foi até a Comissão de Trabalho e de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, pedir ajuda.
Por ter denunciado uma figura pública, Izac tem medo de sofrer retaliações. O vereador chegou a ir para a delegacia, mas foi liberado. Ele responde em liberdade.
“Ele é um cara perigoso. Vai à júri popular por tentativa de homicídio qualificado em um caso em São Paulo. Como não ter medo? Quem vai garantir que não vai acontecer nada comigo">
Izac foi encaminhado até o Núcleo contra a Desigualdade Racial da Defensoria Pública, de acordo com a presidente da Comissão de Trabalho e vice da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça da Assembleia Legislativa do Rio, Mônica Francisco (PSOL).
“Este caso não é um ponto isolado, mas se insere em uma série de práticas racistas, que acontecem todos os dias na nossa sociedade. O crime de injúria racial não termina ali, no momento das ofensas. Infelizmente, ele se estende e afeta da pior maneira a vida das vítimas. Não bastasse ter sofrido injúria racial, Izac perdeu o emprego, sente medo e perdeu o apoio jurídico indispensável neste momento. Enfim, foi abandonado por ter tido a coragem de denunciar o racismo”, disse Mônica Francisco, Deputada Estadual.
O condomínio da Barra da Tijuca também será oficiado para prestar explicações sobre a motivação da demissão. O Ministério Público do Trabalho (MPT) também vai ser comunicado sobre o caso.
O inquérito de racismo está no Ministério Público do Rio de Janeiro e Izac aguarda a decisão do promotor de denunciar o vereador. O supervisor também denunciou a síndica e o condomínio ao MPT.