“O presidente não nos pediu nada”, diz caminhoneiro após reunião com Bolsonaro
Representantes da categoria também afirmaram que o preço dos combustíveis não é uma questão no momento e pediram reunião com Pacheco
atualizado
Compartilhar notícia

Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e deputados federais no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (9/9), representantes dos caminhoneiros disseram que Bolsonaro não fez nenhuma solicitação à categoria por desmobilização.
Pelo segundo dia consecutivo, caminhoneiros bolsonaristas fazem protestos e impedem a agem de caminhões de carga, o que gerou apreensão sobre a possibilidade de falhas na distribuição de produtos.
As manifestações começaram no feriado da Independência (7/9) e partiram para bloqueios de rodovias na noite de quarta (8/9).
“O presidente não nos pediu nada. Nós estamos aqui numa visita de cortesia, visto que viemos ao Senado e infelizmente não pudemos ser recebidos. Como nós estamos mobilizados aqui, aproveitamos a oportunidade para estar com o presidente, que diga-se de agem foi muito cordial e estamos avançando num sentido de construir uma agenda positiva para o povo brasileiro”, disse Francisco Dalmora Burgardt, apelidado de Chicão Caminhoneiro, em entrevista no saguão do palácio.
Francisco Burgardt foi candidato a vereador nas eleições municipais de 2020 em Canoinhas, Santa Catarina. Ele é filiado ao PRTB.
Pelo país, os protestos de caminhoneiros seguem em 14 estados. Em cinco, há vias bloqueadas, segundo o Ministério da Infraestrutura.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que acompanhou a agenda, afirmou que não cabe ao presidente da República decidir o que a categoria faz.
“Pessoal, é o que eu já falei para vocês: o presidente falou sobre a preocupação com os vulneráveis. Aquilo que vocês já ouviram no áudio de ontem e que o Tarcísio soltou no vídeo, é a mesma questão. Não cabe ao presidente decidir o que eles fazem”, disse a deputada.
Na noite de quarta-feira (8/9), o presidente Jair Bolsonaro divulgou áudio em que pedia o fim dos bloqueios, sob o argumento de que as obstruções atrapalham a economia. Bolsonaristas, no entanto, incluindo o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, não acreditaram que se tratava de um pedido verídico e decidiram continuar com o protesto.
Questionados se o presidente recuou nos pedidos feitos na noite de quarta, os deputados aliados não responderam.
Reunião com Pacheco
Os caminhoneiros disseram ainda que o preço do combustível não é uma pauta no momento. Eles querem se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para entrega de um documento.
“Não posso adiantar as reivindicações. Estamos mobilizados por direitos de liberdade e manifestação. Povo está sendo impedido de se manifestar”, disse Chicão Caminhoneiro.
Entre as demandas que a categoria quer apresentar ao Senado está o desarquivamento e votação dos pedidos de impeachment de ministros do STF e a instauração de um processo de cassação do mandato do ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no Conselho de Ética do Senado, por ter arquivado os pedidos. Eles ainda defendem o voto impresso e contagem pública dos votos.
“A nossa pauta nunca foi com o presidente, sempre foi STF via Senado. Que o Senado teria a obrigação de atender e tentar resolver a nossa questão. A insatisfação do povo brasileiro com o Judiciário seria isso. O único poder político foi o Executivo que nos abriu as portas e nos recebeu para entender o que estava acontecendo e o porquê disso”, afirmou outro caminhoneiro porta-voz do grupo, Cleomar José Immich.
“Nós somos brasileiros, patriotas, caminhoneiros, na sequência. Nossa pauta é contra o STF. Não diria assim contra; nós queremos que todas as forças, todos os poderes políticos trabalhem dentro da Constituição, é só isso”, finalizou Cleomar.