“Eu, por mim, já tinha escolhido um partido”, diz Bolsonaro
Presidente defendeu candidaturas avulsas, sem exigência de filiação partidária, mas itiu que modelo não tem chance de vigorar no país
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta segunda-feira (28/6), que gostaria de já ter escolhido a próxima filiação partidária. Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado sobre a definição.
“Eu, por mim, já tinha escolhido um partido”, iniciou. “Olha o PSL mesmo: uma minoria fazendo besteira, uma minoria. Eu tive que sair de lá, porque um vereador fazia uma besteira num canto, quem era o culpado era eu. Nem sabia que existia aquele vereador. Mas tudo bem.”
O PSL foi a sigla escolhida por Bolsonaro e seu grupo político para disputar as eleições de 2018. Na esteira do bolsonarismo, o partido teve crescimento expressivo e formou a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, atrás apenas do PT.
O presidente deixou a sigla em novembro de 2019, após rusgas com a cúpula do partido em torno do controle dos diretórios estaduais. Ele anunciou intenção de fundar uma agremiação própria, o Aliança pelo Brasil, mas a possibilidade foi descartada em função da dificuldade para reunir o número de s.
Na sequência da conversa com apoiadores, o mandatário fez menção ao grupo de parlamentares, hoje no PSL, que devem migrar para a sigla que optar.
“Os deputados atualmente não podem sair por causa da fidelidade partidária. Eles vão ter um momento difícil pela frente quando eu escolher um partido. Deve ser um partido pequeno. Quem vier para o meu partido, sabe que não vai ter televisão nem dinheiro”, adiantou, sem citar nominalmente o Patriota, principal sigla com a qual vem negociand.
“No PSL, tem bastante dinheiro e bastante televisão. No PSL, são 8 milhões [de reais] por mês. Alguns falaram, inclusive, que eu estava de olho no fundo partidário. Uma caneta BIC, uma canetada, como dei em dezembro, 20 bilhões de reais. Eu estou preocupado com 8 milhões de fundo partidário, pô? Não tenho preocupação com isso.”
Na última quinta-feira (24/6), o presidente do Patriota, Adilson Barroso, foi afastado da sigla por 90 dias após ser acusado de mudar o estatuto da legenda para abrir caminho à filiação do presidente.
No último mês, Barroso realizou duas convenções para alterar o estatuto da legenda, ampliar o número de dirigentes partidários e abrir espaço para acomodar aliados de Bolsonaro. No fim de maio, a legenda filiou um dos filhos do mandatário, o senador Flávio Bolsonaro (RJ).
Candidatura avulsa
Bolsonaro defendeu ainda as chamadas candidaturas avulsas, isto é, sem exigência de filiação partidária. “O ideal é se você não precisasse de um partido para disputar eleição, seria o ideal. Agora, os partidos todos têm seus problemas”.
Perguntado se haveria chance de se ter candidaturas independentes no Brasil, ele foi taxativo: “Não, aqui não, pode esquecer isso daí”.
No Brasil, todos os candidatos a cargos eletivos devem estar filiados a um partido político em até seis meses antes do pleito, ou seja, em abril do ano eleitoral.
A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada por um canal no YouTube simpático ao presidente.