Bolsonaro diz que usará hackers para provar chance de fraudes em urna
Em conversas com apoiadores, presidente insinuou que a aliança de 11 partidos contra o voto impresso é patrocinada pelo ex-presidente Lula
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta sexta-feira (2/7), que vai promover uma “demonstração pública” de hackers, para provar que há chance de fraude nas urnas eletrônicas. Segundo o chefe do Executivo nacional, a apresentação deve acontecer nos próximos dias.
“São hackers, para fazer uma demonstração pública. Lógico que a televisão não vai mostrar, mas vou botar. A TV não vai mostrar, porque tem interesse em qualquer candidato, menos eu”, afirmou o mandatário da República, na saída do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro também insinuou que a aliança de 11 partidos contra o voto impresso, do qual é defensor ferrenho, é patrocinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Você pode ver: o que o candidato aí está fazendo? Ele já [está] reunindo alguns líderes partidários, loteando o futuro governo dele. Daí, os caras começam a trabalhar contra o voto auditável. Esse cara só chega na fraude”, acusou.
O presidente disse que não era contra o voto eletrônico, mas que a versão impressa daria mais confiabilidade à eleição. “As coisas têm que ser, ao longo do tempo, aperfeiçoadas. A questão do voto eletrônico começou até era uma situação boa, achei bacana na época, mas depois foi se aperfeiçoando para o mal”, apontou.
Entenda
Líderes de 11 partidos reuniram-se virtualmente para sinalizar aliança contra o voto impresso. Participaram do encontro os presidentes do MDB, PP, Republicanos, PSL, Cidadania, PL, Solidariedade, Avante, PSD, DEM e PSDB. O PT não participou da videoconferência.
Bolsonaro é defensor do voto impresso e prega que o atual sistema eleitoral, com urnas eletrônicas, permite fraude. O presidente costuma dizer que teria vencido já no primeiro turno a eleição presidencial de 2018.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais na quinta-feira (1º/7), o mandatário disse que, caso perca as eleições do próximo ano, só entregará a faixa presidencial se o candidato eleito ter ganhado de “forma limpa”, em mais uma referência ao voto impresso.
“Eu entrego a faixa presidencial para qualquer um que ganhar de mim na urna de forma limpa. Na fraude, não”, declarou.
O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) discutem o tema.
A Câmara analisa proposta de emenda à Constituição (PEC) para tornar o voto impresso obrigatório. O parecer foi lido na última segunda-feira (28/6), em comissão especial criada para analisar o texto. Favorável ao projeto, o relatório apresentado é de autoria do deputado federal Filipe Barros (PSL-PR). A matéria é encampada pela base ideológica do mandatário do país, mas possui poucas chances de prosperar.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, atua contra a aprovação da PEC e tem recebido parlamentares para tratar do assunto. Os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, que também integram o TSE, uniram-se a Barroso na defesa da urna eletrônica.
A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada por um canal no YouTube simpático ao presidente.