Lava Jato: PF investiga propina em operações de trading da Petrobras
Os agentes cumprem nove mandados de busca e apreensão, expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Rio de Janeiro e em Niterói
atualizado
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A Polícia Federal (PF) realiza, na manhã desta terça-feira (20/10), a 77ª fase da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro.
Ao todo, os agentes cumprem nove mandados de busca e apreensão, expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Rio de Janeiro e em Niterói.
De acordo com as investigações, há suspeitas de pagamento de propina na área de trading — compra e venda de petróleo e derivados — da estatal.
Segundo apurado na 57ª fase da Lava Jato, realizada em dezembro de 2018, foi identificado um grupo criminoso que teria feito o pagamento de aproximadamente R$ 174 milhões (US$ 31 milhões) em propinas a funcionários da Petrobras.
As investigações levaram à identificação de outros seis agentes públicos, alvo da operação desta terça-feira. Um deles ainda é contratado da Petrobras e trabalha na área de logística da Diretoria de Abastecimento.
Delação e esquema
Após o cumprimento das medidas no fim de 2018 e o oferecimento de acusações criminais, um ex-funcionário da Petrobras, diretamente envolvido no esquema, e um ex-executivo de uma grande empresa estrangeira também investigada celebraram acordos de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Segundo a polícia, com base nos relatos, em evidências apresentadas e análise de provas já existentes, identificou-se que ao menos seis agentes públicos, até então desconhecidos das investigações, tiveram participação direta no esquema ilícito perpetrado nas operações de trading da Petrobras.
A força-tarefa diz que um dos funcionários, que até hoje se encontra empregado e em exercício na estatal, trabalhava diretamente na área logística da Diretoria de Abastecimento e era responsável, por vezes, em gerar artificialmente demandas que justificassem novas operações comerciais de compra e venda pela Petrobras junto às tradings companies estrangeiras.
Com isso, pagavam-se comissões aos intermediários envolvidos e que, posteriormente, reavam os valores aos agentes públicos, inclusive para os demais ex-funcionários públicos investigados nesta fase.
O grupo de ex-agentes públicos, alvo das ordens judiciais cumpridas nesta terça, também é investigado pela venda de informações privilegiadas e favorecimento de empresas estrangeiras em negociações envolvendo os mais diversos tipos de produtos negociados, como óleo combustível, querosene de aviação, diesel, derivados de petróleo e gasóleo de vácuo.
Em todos esses casos, os investigados recebiam vantagens indevidas calculadas na quantidade de produto negociado, segundo a força-tarefa.
Os investigados responderão pela prática, dentre outros, dos crimes de corrupção iva, organização criminosa e de lavagem de dinheiro.