PF investiga fraudes em aquisição de medicamentos de alto custo
Associação de pacientes é acusada de ajuizar medidas judiciais, solicitando o fornecimento do Soliris, remédio não aprovado pela Anvisa
atualizado
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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira (8/5) a Operação Cálice de Hígia, com objetivo de investigar a possível aquisição fraudulenta de medicamentos de alto custo. Os agentes cumprem dois mandados de busca e apreensão, um em Campinas, no interior de São Paulo, e outro na capital do estado.
Em Campinas, segundo a PF, funciona a associação responsável por ajuizar uma série de medidas judiciais, solicitando, em caráter liminar, o fornecimento do medicamento Soliris, ainda sem aprovação definitiva pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Somente na Justiça Federal do Distrito Federal foram identificados 900 pedidos do produto.
As investigações da PF apontam que boa parte dos pedidos, além de seguir sempre um mesmo “modelo”, partiu de uma única associação de pacientes. O grupo captou, segundo a corporação, tanto portadores da Síndrome Hemolítica Urêmica atípica (SHUa) quanto casos de diagnóstico inconclusivo ou negativo.
Uma das suspeitas investigadas, já que os advogados da associação não cobram honorários dos pacientes, é que o representante da indústria farmacêutica detentora dos direitos de exploração do medicamento ree valores aos advogados e à associação que coopta pacientes e supostos pacientes de SHUa.
O nome da operação é referência a um dos símbolos da farmácia, o cálice dourado com uma serpente enrolada.
Doença
A Síndrome hemolítico-urêmica atípica é rara e afeta crianças e adultos. A doença é causada, principalmente, pela ativação crônica e descontrolada do sistema complemento, um componente do sistema imunitário que combate infecções e funciona como máquina de limpeza de células mortas. Em diversos casos, se apresenta por fadiga e indisposição. Outros possíveis sintomas são confusão, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e convulsão.