Parentes de pessoas com Down protestam contra desembargadora
Manifestação silenciosa ocorreu nesta quarta, Dia Internacional da Síndrome de Down, durante sessão no TJRJ, onde magistrada atua
atualizado
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Parentes e amigos de pessoas com síndrome de Down fizeram nesta quarta-feira (21/3), no Rio de Janeiro, um ato silencioso de repúdio à desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A magistrada postou na internet comentários nos quais ridicularizava uma professora que tem a síndrome, como se a docente fosse incapaz de ensinar.
A desembargadora também divulgou fake news (notícias falsas) sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada na quarta-feira da semana ada (14), acusando-a, sem provas, de ter ligações com o crime organizado. Afirmou também que o deputado federal Jean Willys (PSol-RJ) deveria ir para o “paredão de fuzilamento”. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu inquérito para investigar o comportamento da magistrada.
O protesto desta quarta foi feito no Dia Internacional da Síndrome de Down, durante sessão do TJRJ. Os manifestantes ergueram cartazes onde se lia: “Quem julga com preconceito não sabe fazer direito” (veja abaixo).
A assessoria informou também que não vai se pronunciar sobre a declaração pessoal da desembargadora. Procurada em seu gabinete, Marília informou por meio de um assessor que tampouco vai se manifestar sobre o tema.
“Foi um ato pensado por líderes das organizações de parentes de pessoas com síndrome de Down para mostrar que nós não aceitamos o preconceito”, afirmou Sandra Kiefer, advogada e mãe de uma criança com Down. “Não podemos deixar ar em branco. As minorias precisam ser respeitadas. E nós, do direito, temos o dever de agir nesse sentido”, acrescentou ela.
Polêmicas
Em postagem em uma rede social, a desembargadora conta que ouviu no rádio a notícia de que o Brasil é o primeiro país a ter uma professora com síndrome de Down. E acrescenta: “O que será que essa professora ensina a quem? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?”.
A professora Débora Seabra, que tem síndrome de Down e trabalha há 13 anos em uma escola em Natal (RN), publicou também nas redes uma resposta à postagem da desembargadora: “Quem discrimina é criminoso”.
Confira as postagens:
Nos dias que se seguiram ao assassinato de Marielle Franco, a desembargadora replicou notícias falsas segundo as quais a vereadora tivera um filho com um traficante de drogas e sua eleição financiada por facção criminosa.
A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down e o PSol entraram com representações contra a magistrada junto ao CNJ. Nesta terça-feira (20), o corregedor João Otávio de Noronha determinou abertura de procedimentos de averiguação sobre os dois casos.