Pai do zagueiro Felipe chora ao ver criança com a camisa do filho
“Quando cheguei, havia um ‘guri’ com a camisa do meu filho. O número e o nome dele escrito. Não aguentei”, disse Osmar Machado
atualizado
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Enviadas especiais a Chapecó (SC) — “Cada um lida de um jeito com a dor. O importante é respeitar o tempo das pessoas e tentar dar apoio”, declarou uma das psicólogas que estão acompanhando os familiares das vítimas da queda do avião que levava os jogadores e os dirigentes da Chapecoense, além de jornalistas de todo o país.
O pai do zagueiro Felipe, Osmar Machado, por exemplo, precisa tomar medicamentos para que a pressão, que já é alta, não suba ainda mais. Em Chapecó desde o dia do acidente, ele disse à reportagem que tem mantido a calma, mas desabou na noite de quarta-feira (1º/12). “Eu não comia há dois dias. Daí, resolvi ir a um restaurante à noite para tentar jantar. Quando cheguei, havia um ‘guri’ com a camisa do meu filho. O número e o nome dele escrito. Não aguentei”, confessou.
Uma das psicólogas que auxiliam os familiares está o tempo todo ao lado de Ilaíde Padilha, mãe do goleiro Danilo que, nesta sexta-feira (2/12), deu uma lição de solidariedade ao tentar consolar os jornalistas que participam da cobertura em Chapecó (SC) e também perderam amigos queridos no acidente aéreo. Ao ser questionada sobre como tem feito para se manter forte e não desabar, Ilaíde afirmou que só está em pé devido ao apoio de todos.
“Para mim, é importante a ajuda de vocês jornalistas, do pessoal da cidade, da psicóloga. Sozinha, eu não consigo”, afirmou. Já a viúva do jogador, Letícia Padilha, preferiu a solidão à movimentação do estádio. Ela tem evitado falar com a imprensa e é uma das mais abaladas entre os familiares das vítimas.Vanessa Gonçalves, viúva do atacante Kempes, pensa nos filhos nos momentos que o desespero e a dor batem forte. “É uma dor inexplicável, mas tenho de seguir e cuidar dos meninos”, declarou. Já para Nabiha Koury, mãe do médico da Chapecoense, também vítima fatal da tragédia, a igreja é o refúgio. Ela ainda não conseguiu entrar na Arena Chapecó, a os dias rezando e buscando forças.
Irmão de um dos jornalistas mortos no acidente, Braulio Ebeliny preferiu pegar a moto e ir trabalhar. Para ele, ficar em casa teria sido pior. Esse é o mesmo pensamento de Fernando de Lima, presidente da Torcida Jovem Chapecoense, que vivia o dia a dia do clube há mais de sete anos. “Estou me sentindo perdido, sem lugar. Parece que minha casa está estranha, tudo está estranho. Tenho ficado aqui na Arena Chapecó com os outros torcedores. É o único momento que consigo respirar melhor”, completou.